Agência Panafricana de Notícias

Jornalista Carlos Santos deixa direção da agência cabo-verdiana de notícias

Praia, Cabo Verde (PANA) - O jornalista Carlos Santos vai deixar a gestão da agência cabo-verdiana de notícias (Inforpress), invocando, nomeadamente, falta de autonomia financeira para executar os projetos pretendidos, apurou a PANA quinta-feira de fonte autorizada.

Nomeado pelo Governo, em julho do ano passado, como gestor único da Inforpress para o mandato de um ano, Carlos Santos podia ser reconduzido no cargo em agosto próximo, mas resolveu manifestar a sua indisponibilidade em continuar no cargo por "falta de condições".

O jornalista alega que, com a separação da Inforpress da gestão conjunta com a empresa de Radiotelevisão Cabo-verdiana (RTC), ele esperava vir a ter os instrumentos necessários para colocar em prática os projetos que traçou para dar nova dinâmica e colocar a agência "numa posição mais elevada na prestação do serviço de informação em Cabo Verde".

Na carta em que anuncia publicamente a demissão do cargo, o jornalista, que é quadro da Rádio de Cabo Verde (RCV), diz lamentar não ter podido implementar os principais projetos para a nova etapa da Inforpress devido à falta de autonomia financeira.

Ainda assim, ele diz-se relativamente confortado por ter podido contribuir para o processo de reestruturação em curso da agência cabo-verdiana de notícias.

A demissão de Carlos Santos acontece mesmo depois de o Governo de Cabo Verde ter garantido, por várias vezes, a reestruturação da Inforpress, seguindo a recomendação de um estudo solicitado pelo Ministério da Cultura, que tutela a Comunicação Social.

Em abril passado, o ministro da presidência do Conselho de Ministros, Fernando Elísio Freire, em declarações à imprensa, após uma reunião semanal do elenco governamental, explicou que se trata de uma “decisão política” em nome da “democracia, do aprofundamento da liberdade de imprensa, da pluralidade, da isenção e da qualidade da informação".

Para o efeito, o Governo irá investir um montante necessário de 45 milhões de escudos cabo-verdianos (cerca de 400 mil euros), ao mesmo tempo que será feito, a partir desse mês, um reajustamento do subsídio atribuído à agência que recebe anualmente 35 milhões de escudos (cerca de 320 mil euros) do Orçamento do Estado.

Ele anunciou também que, ainda este ano, o reforço global do subsídio seria de 6,9 milhões de escudos (cerca de 62 mil euros), devendo atingir, em 2018, os 10,5 milhões de escudos (cerca de 95 mil euros).

Fernando Elísio Freire revelou que, paralelamente, o Governo irá avançar "com o plano de reestruturação da empresa com vista ao seu relançamento como “agência noticiosa de excelência" e que preste um serviço de qualidade para o fortalecimento da área da comunicação social no país.

O porta-voz governamental garantiu também que não está previsto qualquer plano de rescisões no quadro de pessoal da agência, sublinhando que "a grande decisão política é de manter, reestruturar e revigorar a Inforpress".

Em finais de junho passado, o ministro da Cultura e Indústrias Criativas, Abraão Vicente, revelou que a Inforpress vai “provavelmente” conhecer, em agosto deste ano, um novo modelo de gestão, de acordo com aquilo que está configurado pela lei.

Abraão Vicente, que reconhece “algum atraso” na implementação da separação da Agência da RTC, revelou que o Governo já aprovou a verba de investimento necessário para a total reestruturação da empresa, que implicará não só as obras de remodelação total do edifício da Inforpress como todos os investimentos necessários em termos de tecnologia e contratação de novo pessoal.

“Em agosto também conheceremos, para além do plano de reestruturação da Inforpress, outras mudanças que brevemente anunciaremos, mudanças de fundo na gestão da própria empresa em consequência da aprovação do plano de reestruturação”, precisou.

-0- PANA CS/IZ 07julho2017