Agência Panafricana de Notícias

Jornalista Alcino da Costa cumpriu com seu dever na terra

Dakar, Senegal (PANA) – Se é verdade que « a vida é um teatro onde cada um, após ter desempenhado o seu papel, passa atrás da cortina », o jornalista senegalês de origem cabo-verdiana Luís Alcino da Costa, colaborador da Agência Pan-africana de Notícias (PANAPRESS) até aos últimos momentos da sua vida, obedeceu ao adágio, por ter cumprido com o seu dever na terra.

Ativo militante do desenvolvimento das agências africanas de notícias, principalmente da PANAPRESS em cuja criação participou nos anos 1990, e que muito apoiou tanto a nível da Redação como das Relações Exteriores, Alcino da Costa, que os seus amigos alcunharam carinhosamente de « Grande Al », deixa no pódio do teatro da Imprensa africana numerosos órfãos chamados a continuar o combate por uma imprensa africana forte e profissional.

Se os grãos de excelência e do rigor que Alcino da Costa semeou no espírito e no coração dos seus colegas não germinaram imediatamente, é sem dúvida porque todos acreditavam que estaria eternamente presente para criticar uma vírgula mal colocada ou um texto cuja qualidade contraria proporcionalmente a visão que tinha da imprensa africana do futuro.

Consultor permanente da Agência Panafricana de Notícias, Alcino dirigiu, de maneira magistral, o Escritório parisiense da PANAPRESS, uma Redação dedicada e à altura das suas exigências profissionais. O seu apego à Agência Pan-Africana e o seu compromisso de fazer dela uma voz de referência em África, não cedeu de modo nenhum à pressão das contingências e das realidades africanas que sempre tornaram constrangedora a missão de uma imprensa habituada a desenrascar-se para evoluir.

Quer na Organização Internacional da Francofonia (OIF) quer na Associação para o Desenvolvimento da Educação em África (ADEA), o seu credo foi sempre o de implicar a imprensa africana no domínio das questões africanas atuais, servindo de intermédiário entre os média e os atores dos eventos.

Não se poderá contar com os dedos de uma mão os média africanos e outras associações de jornalistas às quais Alcino da Costa deu o seu apoio, o melhor de si, com um desinteresse que atesta, mais uma vez, a grandeza da sua ação a favor do desenvolvimento da imprensa africana, mesmo no auge da sua doença.

Do simples repórter aos decisores dos média africanos que o conheceram, ele soube comunicar o seu gosto pelo trabalho bem feito e, nestes momentos de dor devido à notícia do seu falecimento, todos retribuem-no o amor que lhes deu, à semelhança do jornalista correspondente da PANAPRESS em Paris, para quem o falecimento de Alcino é « um tsunami para o qual não estávamos preparados de modo nenhum».

"'O Decano', 'o Boss', 'o Ancião', como gostávamos de o chamar carinhosamente, não era apenas um colega ao serviço da nossa causa comum africana. Alcino era o nosso pai, o nosso confidente, o nosso amigo… Nenhum assunto era tabú nas nossas discussões, da vida profissional a preocupações materiais, passando por histórias afetivas e o futuro de África", escreve o correspondente.

"Ele se definia antes de tudo como um Africano, recusando-se a entrar no molde das nossas considerações nacionalistas de Nigerino, Marroquino, Tchadiano, Argelino, Togolês, Centroafricano. É, aliás, por esta razão que nunca hesitou em percorrer o continente de Madagáscar a Kinshasa (República Democrática do Congo), de Abuja (Nigéria) a Túnis (Tunísia), de Durban (África do Sul) a Abidjan (Côte d'Ivoire), para contribuir para a profissionalização dos jornalistas africanos", sublinha, precisando que « ensinou-nos o que nem as escolas de jornalismo, nem as universidades nos ensinaram».

« Alcino não sabia distinguir o muçulmano do cristão, o subsariano do árabe. Julgava as pessoas segundo os seus atos, segundo o seu trabalho, o seu mérito, sem outras considerações. Enquanto diminuiam as suas forças, estava preocupado, dois dias antes da sua hospitalização de que já não saiu vivo, com o êxito da Trienal 2011 da ADEA prevista para fevereiro próximo em Ouagadougou, no Burkina », prossegue o correspondente.

Concluindo, ele disse que Alcino podia falar por telefone com um chefe de Estado africano, com um ministro, com um embaixador e, logo depois, ligar para um jornalista de base, um simples cidadão com quem se encontrou numa das capitais africanas. É isto de Alcino : as suas relações iam de um chefe de Estado a um operário de base».

Com efeito, Alcino da Costa passou a sua vida a confirmar esta evidência de sabedoria, segundo a qual « onde se encontra o coração do homem, ele pode agradar mesmo a um cão local».

-0- PANA SSB/CJB/DD 05set2011