Jornal líbio qualifica de "bomba retardada" imigração clandestina na Líbia
Tripoli, Líbia (PANA) - Um jornal líbio, Alsabaah, qualifica a migração de "bomba retardada" no contexto da conjuntura difícil que atraversa o Estado líbio, confrontado com divisões internas e o caos de segurança suscetíveis de conduzir a dramas.
Exortou às autoridades do país a advogarem junto da União Africana (UA) a nomeação de um comissário ou de uma administração específica encarregue de resolver este epifenómeno, servindo ao mesmo tempo de interlocutor a organizações internacionais.
O jornal Alsabaah, publicado em Tripoli, ilustrou a sua tese citando um post publicado no início desta semana na sua página do Facebook por um jornalista, Bachir Zaabiya, onde qualificou o afluxo de expatriados na Líbia de "bomba retardada", recordando desacordos ocorridos na cidade de Zaouia (a 45 quilómetros a oeste de Tripoli) e certos bairros de Tripoli, em 2000 entre cidadãos líbios e trabalhadores expatriados de certos países da África Subsariana, bem como o massacre de Mezdah em junho de 2020, durante o qual migrantes foram mortos.
Quais são as garantias que se pode ter para que o estes cenários não se repitam?", interrogou-se o hornalista no seu post, mencionado pelo jornal.
Perguntou a sim mesmo onde vai parar o assunto com um Estado líbio frágil, dividido, fragmentado em termos de segurança, ao mercê das máfias de dinheiro, do contrabando, de armas e do tráfico de seres humanos.
Considerou a Líbia com um Estado viveiro de milícias locais e estrangeiras, onde milhões de armas estão disseminadas entre as mãos destes cidadãos e entre as de estrangeiros igualmente.
Alsabaah disse corroborar a opinião deste colega que disse tratar-se de "uma bomba retardada" embora, prosseguiu, a imigração clandestina não se limita só à Líbia.
A seu ver, trata-se de um fenómeno mundial e de um movimento humano natural, e o país não é o único considerado como um país de destino e de trânsito.
Sublinhou no entanto que o caso líbio é excecional, em particular com a propagação generalizada de armas entre as mãos de grupos armados e de cidadãos, o que, no seu entender, inspira realmente medo ou terror.
Evocando o caso da Tunísia, o jornal considera que, sem sombra de dúvidas, os tunisinos e as tunisinas já começaram a sentir a concorrência dos migrantes ilegais vindos dos países da África Subsariana, nomeadamente no seu ganha-pão, num contexto de crise económica abafador que atravessa a Tunísia.
Na sua opinião, trata-se de uma crise que pode ter levado o Presidente tunisino, Kais Saïed, remover as cinzas deste fenómeno que, por sua vez, soprou as cinsas da história, insinuando que estes imigrantes se tornaram um fardo pesado para o Estado e a sociedade e até constituem uma pretensa ameaça para a composição social na Tunísia.
À luz desta realidade, o jornal apelou ao Ministério líbio dos Negócios Estrangeiros para acelerar a implementação de uma direção especializada encabeçada por um diplomata veterano e que compreeenda peritos e especialistas a fim de apoiar o Comité Especial do Conselho Presidencial líbio e levantar esta questão "bomba retardada" antes da próxima sessão da cimeira da União Africana.
O ideal, segundo a mesma fonte, é exigir da UA, rica em diplomatas, mas mal empregues, a nomeação de um comissãrio especial para assuntos "de imigração clandestina" oun a criação de um serviço especializado no seio do Conselho Africano de Segurança e Paz a fim de lidar com este fenómeno nas fronteiras, nos desertos e nos mares.
A seu ver, o Ministério líbio dos Negócios Estrangeiros deveria sublinhar oficial e publicamente à União Europeia (UE) que a Líbia não aceitará ser uma pátria para emigrantes nem desempenhar o papel de guardião no deserto ou nas costas mediterrânicas das fronteiras europeias.
Também o país deve rejeitar firmemente o regresso, ao solo líbio, dos migrantes repelidos pela Europa, aonde tinham chegado por meio de navios inapropriados da morte, defendeu.
-0- PANA AD/BY/JSG/DD 07abril2023