PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
João Lourenço eleito novo vice-presidente do MPLA
Luanda, Angola (PANA) – O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) elegeu esta terça-feira o atual ministro da Defesa, João Manuel Gonçalves Lourenço, seu novo vice-presidente, em substituição do veterano Roberto de Almeida.
A eleição de João Lourenço ocorreu durante a primeira reunião ordinária do novo Comité Central do MPLA saído do recém terminado sétimo congresso do partido, de 17 a 20 de agosto corrente, que reconduziu o Presidente José Eduardo dos Santos na liderança do partido.
Durante a reunião desta terça-feira, os membros do Comité Central elegeram ainda Paulo Kassoma como novo secretário-geral do MPLA em substituição do também veterano Julião Mateus Paulo "Dino Matrosse", que passa a secretário para as Relações Internacionais.
Foi igualmente eleito um novo Bureau Político do MPLA de 47 membros.
A grande surpresa deste congresso, que contou com presença de várias delegações estrangeiras convidadas, incluindo de Portugal, Brasil, Moçambique, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, entre outras, foi a contestação do nacionalista Ambrósio Lukoki, que pediu a retirada do seu nome da lista de candidatos a membros do Comité Central (CC).
Do total de 363 candidatos propostos à aprovação do congresso como membros do novo Comité Central, o veterano Ambrósio Lukoki era o 27º da lista apresentada por ordem alfabética, mas ele exigiu perentório que o seu nome fosse literalmente apagado da lista.
Nos seus argumentos, disse ter concluído que “estar no Comité Central já não faz sentido porque o CC deixou de desempenhar a sua função, as posições são impostas sem qualquer discussão. Como membro do CC tentei dar o meu contributo e sempre foi rejeitado''.
Para alguns observadores da política angolana, esta reação de Lukoki não constituiu surpresa a julgar pela sua postura sempre crítica mas é, antes, reveladora de que boa parte dos candidatos ao Comité Central não eram contactados ou informados antes da sua inclusão na lista, ou ainda um sinal de dissidências latentes no seio do partido que governa Angola há 40 anos.
Membro do Comité Central do MPLA há mais de 40 anos, Ambrósio Lukoki sustenta que, neste órgão do partido no poder, não existe discussão livre sobre os assuntos, limitando-se a aprovar decisões impostas e não acatando as contribuições críticas, como tem sido o seu caso.
Segundo ele, que falava durante uma conferência de imprensa, em Luanda, um dia antes do início do congresso, a acentuada impopularidade do presidente do partido e chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, “conota o partido e arrasta na sua queda certos inocentes do MPLA.”
Por quanto mais tempo será possível o regime “evitar ou esmagar ondas de protesto” ou, em última instância, compreender os sinais do tempo e acolher as críticas que lhe são dirigidas”, questionou o embaixador, insistindo que Eduardo dos Santos utiliza a presidência do MPLA como "um trampolim para o seu absolutismo”.
Por isso, ele aconselhou o MPLA a “rever-se ideologicamente e dissociar-se da impopularidade do Presidente”, se quiser reconquistar o eleitorado, sendo “imperativo inverter a atual tendência do partido, que continua a manifestar-se como um partido-Estado, mas que se está a afundar”.
"Angola não precisa de dirigentes postiços, o país precisa de ética", disse, numa denúncia velada contra os seus colegas que se portam apenas como “yes men”, antes de alertar que existe um “espírito de revolta ou de insurreição silenciosa” que se está a espalhar pelo país.
Conhecido pelas suas críticas frontais ao presidente José Eduardo dos Santos, em reuniões do MPLA, Ambrósio Lukoki, que foi ministro da Educação do primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, insistiu que a atual popularidade do MPLA, demonstrada por via das suas atividades de massas e da propaganda, é “enganosa” e está a “derreter”.
Para ele, a impopularidade é o preço que o MPLA está a pagar pelo servilismo em relação a José Eduardo dos Santos, a quem o partido serve de “mero instrumento ou trampolim e sobre o qual ele exerce o absolutismo”.
Lukoki entende que não é José Eduardo dos Santos quem deve abandonar o poder e a presidência do partido, de acordo com a sua vontade, mas deve ser o MPLA a forçar a sua saída.
Enquanto o partido MPLA não se dissociar de José Eduardo dos Santos, “não poderá nunca reconquistar e conservar as suas caraterísticas de partido de vanguarda”, afirmou.
-0- PANA IZ 23ago2016
A eleição de João Lourenço ocorreu durante a primeira reunião ordinária do novo Comité Central do MPLA saído do recém terminado sétimo congresso do partido, de 17 a 20 de agosto corrente, que reconduziu o Presidente José Eduardo dos Santos na liderança do partido.
Durante a reunião desta terça-feira, os membros do Comité Central elegeram ainda Paulo Kassoma como novo secretário-geral do MPLA em substituição do também veterano Julião Mateus Paulo "Dino Matrosse", que passa a secretário para as Relações Internacionais.
Foi igualmente eleito um novo Bureau Político do MPLA de 47 membros.
A grande surpresa deste congresso, que contou com presença de várias delegações estrangeiras convidadas, incluindo de Portugal, Brasil, Moçambique, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, entre outras, foi a contestação do nacionalista Ambrósio Lukoki, que pediu a retirada do seu nome da lista de candidatos a membros do Comité Central (CC).
Do total de 363 candidatos propostos à aprovação do congresso como membros do novo Comité Central, o veterano Ambrósio Lukoki era o 27º da lista apresentada por ordem alfabética, mas ele exigiu perentório que o seu nome fosse literalmente apagado da lista.
Nos seus argumentos, disse ter concluído que “estar no Comité Central já não faz sentido porque o CC deixou de desempenhar a sua função, as posições são impostas sem qualquer discussão. Como membro do CC tentei dar o meu contributo e sempre foi rejeitado''.
Para alguns observadores da política angolana, esta reação de Lukoki não constituiu surpresa a julgar pela sua postura sempre crítica mas é, antes, reveladora de que boa parte dos candidatos ao Comité Central não eram contactados ou informados antes da sua inclusão na lista, ou ainda um sinal de dissidências latentes no seio do partido que governa Angola há 40 anos.
Membro do Comité Central do MPLA há mais de 40 anos, Ambrósio Lukoki sustenta que, neste órgão do partido no poder, não existe discussão livre sobre os assuntos, limitando-se a aprovar decisões impostas e não acatando as contribuições críticas, como tem sido o seu caso.
Segundo ele, que falava durante uma conferência de imprensa, em Luanda, um dia antes do início do congresso, a acentuada impopularidade do presidente do partido e chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, “conota o partido e arrasta na sua queda certos inocentes do MPLA.”
Por quanto mais tempo será possível o regime “evitar ou esmagar ondas de protesto” ou, em última instância, compreender os sinais do tempo e acolher as críticas que lhe são dirigidas”, questionou o embaixador, insistindo que Eduardo dos Santos utiliza a presidência do MPLA como "um trampolim para o seu absolutismo”.
Por isso, ele aconselhou o MPLA a “rever-se ideologicamente e dissociar-se da impopularidade do Presidente”, se quiser reconquistar o eleitorado, sendo “imperativo inverter a atual tendência do partido, que continua a manifestar-se como um partido-Estado, mas que se está a afundar”.
"Angola não precisa de dirigentes postiços, o país precisa de ética", disse, numa denúncia velada contra os seus colegas que se portam apenas como “yes men”, antes de alertar que existe um “espírito de revolta ou de insurreição silenciosa” que se está a espalhar pelo país.
Conhecido pelas suas críticas frontais ao presidente José Eduardo dos Santos, em reuniões do MPLA, Ambrósio Lukoki, que foi ministro da Educação do primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, insistiu que a atual popularidade do MPLA, demonstrada por via das suas atividades de massas e da propaganda, é “enganosa” e está a “derreter”.
Para ele, a impopularidade é o preço que o MPLA está a pagar pelo servilismo em relação a José Eduardo dos Santos, a quem o partido serve de “mero instrumento ou trampolim e sobre o qual ele exerce o absolutismo”.
Lukoki entende que não é José Eduardo dos Santos quem deve abandonar o poder e a presidência do partido, de acordo com a sua vontade, mas deve ser o MPLA a forçar a sua saída.
Enquanto o partido MPLA não se dissociar de José Eduardo dos Santos, “não poderá nunca reconquistar e conservar as suas caraterísticas de partido de vanguarda”, afirmou.
-0- PANA IZ 23ago2016