João Lourenço denuncia "mão invisível" desetabilizadora de África
Luanda, Angola (PANA) - O Presidente de Angola, João Lourenço, denunciou, quarta-feira última em Nova Iorque (Estados Unidos) a existência de uma “mão invisível” interessada na desestabilização do continente africano.
"Cada vez, ficámos mais convencidos da existência de uma mão invisível interessada na desestabilização do nosso continente, apenas preocupada com a expansão da sua esfera de influência, que sabemos que não traz as garantias necessárias para o desenvolvimento económico e social dos países africanos”, afirmou o chefe do Estado angolano, ao discursar na 78.ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, que decorre até terça-feira próxima em Nova Iorque.
João Lourenço reconheceu nessa ocasião a preocupação da comunidade internacional não só para com a situação nos países do Sahel, no Corno de África, em Moçambique e na República Democrática do Congo (RDC), como também com o conflito do Sudão, que, para além do elevado número de mortos e feridos, de destruição das infraestruturas do país, provocou um "incontável número de deslocados internos e de refugiados, tendo-se tornado já numa das maiores catástrofes humanitárias que o mundo conhece e de cujas consequências se ressentem os países vizinhos."
Sublinhou que Angola tem procurado contribuir com a sua experiência em termos de construção da paz, da harmonia e da reconciliação nacional para a resolução de conflitos que assolam o continente africano, com especial ênfase para o que ocorre na República Democrática do Congo (RDC), onde disse acreditar que "se poderá construir uma base de confiança entre os beligerantes para um abrandamento da tensão na região dos Grandes Lagos que conduza à tão almejada paz.
O estadista angolano alertou que as diligências para conter a expansão do terrorismo e outras ações de desestabilização no continente implicam custos financeiros que nem sempre os países estão capazes de suportar e que, por isso, podem comprometer o sucesso das operações de pacificação que se levam a cabo e deitar por terra as esperanças que se alimentam à volta destes processos.
Reafirmou, por isso, a necessidade de um "financiamento adequado, sustentável e previsível”, para os esforços na luta contra o terrorismo no continente africano.
João Lourenço apelou às Nações Unidas, particularmente ao Conselho de Segurança, à utilização de contribuições fixas para operações de apoio à paz mandatadas pela União Africana.
Também condenou a tomada do poder pela força das armas, registada nos últimos tempos em alguns países africanos.
"Até há relativamente pouco tempo, a região do Sahel era assolada apenas pela ação de grupos terroristas reforçados por mercenários a soldo, que, tendo encontrado um vazio de poder na Líbia, ali se instalaram e se expandiram para os países vizinhos. A acrescer a esta situação, de si já perigosa, eis que, mais ou menos na mesma região, surgiu uma onda de mudanças inconstitucionais do poder protagonizadas por militares”, denunciou o Presidente João Lourenço, para quem "esses novos poderes não devem ser premiados com a possibilidade de partilharem connosco os mesmos palcos políticos, sob pena de estarmos a passar uma mensagem errada, contrária aos princípios que defendemos.”
-0- PANA JA/DD 21setembro2023