Agência Panafricana de Notícias

Jacob Zuma rejeita apelo da oposição para debate sobre economia nacional

Cidade do Cabo, África do Sul (PANA) - O Presidente sul-africano, Jacob Zuma, rejeitou um apelo da líder da oposição oficial para um debate público sobre a situação económica do país.

Helen Zille, líder da Aliança Democrática (DA), o principal partido da oposição, anunciou segunda-feira que vai escrever ao Presidente Zuma para pedir este debate público.

"Vamos lembrar-nos destes últimos meses como um dos momentos mais duros na nossa história democrática. Contudo, o Presidente Zuma não ofereceu aos Sul-africanos a liderança que tinham o direito de esperar dum Presidente", declarou.

"Não podemos continuar avançar cegamente para um declínio económico lento com mais pessoas que estão sem emprego e pessoas pobres cuja situação se torna cada vez mais precária", acrescentou Zille.

Ela afirmou que o plano para o crescimento e o emprego da DA, se for instaurado, ajudará a apoiar a economia do país a desenvolver-se e a criar uma "prosperidade partilhada num clima de estabilidade política".

Contudo, o gabinete do Presidente Zuma não deu sequência a este requerimento de Zille.

"A Presidência não vê a necessidade de se empenhar num exercício que desvia a atenção dos atores decididos a trabalhar juntos", declarou o porta-voz do Presidente, Marc Maharaj.

"Sublinhamos que o Presidente Zuma trabalha atualmente com atores chaves sobre a situação da economia, sob os auspícios do diálogo presidencial de alto nível sobre a economia", disse.

Maharaj declarou que, no quadro deste diálogo, reuniões seriam organizadas entre os sindicatos e as empresas sobre a resolução dos problemas económicos do país.

Por outro lado, Sibongile Masangwane, responsável comunitária, advertiu que a África do Sul estava sentada "numa bomba relógio" e que a recente tragédia da mina de Marikana "não era nada comparado" ao que poderá acontecer sem uma mudança radical.

Falando no quadro do seminário de Consulta da Organização da Sociedade Civil da África Austral sobre a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015, organizado pelo African Monitor em Joanesburgo, ela sublinhou as contradições que se podia notar na África do Sul.

Há algo de "terrivelmente paradoxal num país onde se pode comprar um documento de identidade na rua, mas onde as mulheres com filhos às costas devem ainda carregar baldes de água suja durante uma longa distância para a sua utilização diária".

"Como podemos ser livre ou considerados desenvolvidos sem água corrente, nem eletricidade ou uma orientação escolar adequada para as crianças?", perguntou.

"Não somos livres. Alguns de nós sonham ainda com liberdade. Levantemo-nos e desafiemos os nossos Governos. Estou tão cansada de todos estes discursos. É tempo agir. Sujamos as nossas mãos e trabalhamos arduamente para fazer mudar as coisas, não só para além de 2015, mas agora", acrescentou.

O seminário é baseado na implicação das organizações da sociedade civil e dos cidadãos nas discussões em redor da Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 e sobre a implicação ativa dos participantes na elaboração da agenda que será submetida ao Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em março de 2013.

-0- PANA CU/SEG/FJG/AAS/IBA/MAR/TON 17out2012