Agência Panafricana de Notícias

Irmandade Muçulmana convoca nova manifestação no Cairo

Cairo, Egito (PANA) - A Irmandade Muçulmana, confraria do deposto Presidente egípcio Mohammed Morsi, convocou os seus apoiantes para uma nova manifestação de protesto designada "Marcha da Raiva" na capital, Cairo, na sequência dos confrontos de quarta-feira com a Polícia que fizeram 638 mortos e cerca de quatro mil feridos.

Em reação ao anúncio desta convocação, o Governo encerrou os acessos à histórica Praça Tahrir, local privilegiado dos manifestantes egípcios, e desdobrou em seu redor e noutros locais estratégicos um forte dispositivo militar, segundo a imprensa local.

A televisão estatal egípcia apresentou na manhã desta sexta-feira imagens do aparato militar desdobrado no terreno em "prontidão combativa" para reagir a quaisquer excessos na tentativa de desafiar os apelos das autoridades políticas de transição contra novas manifestações de rua.

Para muitos observadores, este quadro faz recear o perigo de um novo banho sangue à semelhança dos eventos de quarta-feira que começaram com uma tentativa da Polícia para dispersar os manifestantes, que reclamam pela reinstalação de Mohammed Morsi no poder.

O ato de dispersão dos manifestantes iniciou-se com o lançamento de gases lacrimogéneos para forçar a desocupação dos largos Nahda e Rabaa al-Adawiya, antes de, segundo as autoridades governamentais, a resistência "armada" encontrada no terreno obrigar a Polícia a recorrer a balas reais para prosseguir a operação.

O Governo indicou na altura que foram detidas 35 pessoas, entre os manifestantes, na posse de armas de fogo e munições diversas, nos largos Nahda e Rabaa al-Adawiya.

Mas um porta-voz da Irmandade Muçulmana desmentiu que houvesse gente armada entre os manifestantes e denunciou que o assalto das forças policiais visou deliberadamente civis que protestavam pacificamente.

Primeiro Presidente democraticamente eleito na história do país, Morsi foi derrubado pelos militares no auge de uma onda de protestos iniciados na Praça Tahrir, a 30 de junho passado, antes de se estender por quase todo o país, com milhares de manifestantes a exigirem a sua renúncia, acusando-o de colocar os seus interesses religiosos acima dos da nação.

-0- PANA MA/SEG/IZ16ago2013