Interpol investiga ciberataque à rede tecnológica do Estado de Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) - O ataque cibernético ocorrido quinta-feira última, 21 de novembro, contra a Rede Tecnológica Privativa do Estado (RTPE) de Cabo Verde está a ser investigado pela Interpol, apurou a PANA de fonte segura.
A Interpol envolveu-se nesta investigação depois de responsáveis do Núcleo Operacional para a Sociedade de Informação (NOSi) terem constatado que "esta ameaça tem uma origem identificada ao nível internacional, declarou terça-feira o presidente do NOSi, Carlos Pina, em conferência de imprensa na cidade da Praia.
Afirmou que instituição responsável pela gestão da RTPE afirmou estar em sintonia com a Procuradoria-Geral da República, que, por sua vez, acionou suas parcerias internacionais para fazer uma investigação forense ao ataque do 'software' malicioso 'ransomware', que obrigou alguns serviços públicos de Cabo Verde a estarem ainda temporariamente suspensos.
"É uma rede criminosa internacional que tem células espalhadas por vários países. Não temos essa evidência, mas está em aberto a possibilidade que poderemos, eventualmente, ter alguma célula em Cabo Verde", prosseguiu o responsável institucional cabo-verdiano.
O presidente do NOSi referiu que a rede já foi identificada, sem no entanto avançar qual ou países de origem, já que ainda vai ser feita uma auditoria forense para apurar as causas efetivas do ataque.
"Temos evidências que nos permitem aferir que este ataque começou, sobretudo, por ataques de 'spam' e 'phishing' que a RTPE já sentia há cerca de um mês e meio e que temos estado a defender", apontou.
Alguns serviços da rede tecnológica do Estado foram desligados, mas o presidente garantiu que o problema será resolvida em breve, nomeadamente os de autenticação e de email.
"Concluímos que o ataque bloqueou alguns servidores, nomeadamente a nossa estrutura de autenticação e alguns servidores que garantem serviços online. Mas o facto de termos tomado a decisão rápida de desligar a rede garantiu-nos que aquilo que são os dados da soberania, os dados que garantem a governação digital, se mantivessem intactos e sem nenhum tipo de ameaça", assegurou.
Interrogado sobre a necessidade de Cabo Verde possuir uma rede secundária, o presidente do NOSi reconheceu que este é um problema que será resolvido com a entrada em funcionamento do Data Center (Banco de Dados) do Mindelo, na ilha de São Vicente.
"Com a implementação do Parque Tecnológico, temos mais duas infraestruturas, uma aqui ao lado que vai aumentar a nossa capacidade, e outra em São Vicente que vai servir exatamente para termos esta redundância que nos dará uma maior capacidade de resposta", explicou.
O 'ransomware', apelidado de 'WannaCry', é um vírus que ataca empresas e instituições e que, segundo o NOSi, encripta toda a informação armazenada no computador, e o atacante exige o pagamento de um determinado valor para o utilizador voltar a ter acesso ao computador e aos seus ficheiros.
Estesataques são, na sua maioria, realizados através do envio de emails particularmente perigosos, devido aos conteúdos dos ficheiros que trazem em anexo.
Ao abrir estes ficheiros, é executado o vírus que inviabiliza o acesso aos ficheiros armazenados, explicou o NOSi na sua página oficial.
O presidente do NOSi garantiu que o país não recebeu qualquer pedido de resgate por parte dos autores do ataque, explicando que a rapidez no desligamento da rede deve ter inviabilizado a captura de dados.
A RTPE é uma plataforma tecnológica que permite o acesso dos agentes do Estado a serviços comuns, como a Internet e o correio eletrónico, mas também soluções aplicacionais de gestão em mais diversas áreas da administração do Estado e da governação.
-0- PANA CS/DD 01dez2020