Inquérito revela envelhecimento da população em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) – Cabo Verde regista uma tendência para o envelhecimento da sua população, resultante de uma “baixa considerável de fecundidade” no arquipélago, revela o III Inquérito Demográfico de Saúde Reprodutiva (IDSR-III), divulgado quarta-feira, na cidade da Praia.
O resultado deste estudo, em que foram inquiridos um total de 5.361 mulheres de 15-49 anos e 3.106 homens de 15-59 anos, concluiu que a taxa de fecundidade, em Cabo Verde, diminuiu de 2,9, em 2005, para 2,5 em 2018, mostrando que o crescimento da população está a desacelerar.
Segundo o coordenador do IDSR-III, Orlando Monteiro, trata-se de uma situação “preocupante”, porque “brevemente” a população do país vai começar a envelhecer e, para que haja a substituição da população, é necessário ter um nível que é de “2,1 crianças por mulheres”.
Orlando Monteiro explicou que, com esta baixa, Cabo Verde poderá chegar a um nível em que não conseguirá substituir a população.
Segundo ele, esta preocupação acentua-se, sobretudo no que tange à mão-de-obra dos 15 a 64 anos, um fator necessário para dar ao país uma “certa dinâmica à economia”.
As ilhas de S. Vicente, Sal, Boa Vista e Santiago Sul estão entre as partes do território nacional, onde se verifica menor taxa de fecundidade, enquanto no Fogo e no Santo Antão se nota taxa “mais elevada” de fertilidade.
Instado a pronunciar-se sobre uma política de incentivo à natalidade, afirmou que cabe às autoridades tomar as medidas necessárias.
“Se formos ver a política nacional de população, temos a impressão que, realmente, temos uma política antinatalista”, comentou, sugerindo que, tendo em conta a situação atual, as autoridades “deverão repensar e, talvez, rever a política nacional da população”.
O IDSR-III é um projeto do Governo de Cabo Verde e contém informações referentes ao sistema de saúde nacional, particularmente em termos de saúde materna e infantil, saúde reprodutiva, nutrição e práticas alimentares das crianças, atitude e comportamento perante o HIV/Sida e as Infeções Sexualmente Transmissíveis, violência doméstica, entre outros.
A recolha ocorreu entre os meses de fevereiro e maio de 2018, junto de 8.897 agregados familiares.
O inquérito teve a assistência técnica da Utica Internacional, do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), da Organização das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), assim como o empréstimo do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
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