PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Impunidade é principal causa da corrupção em Angola, diz Presidente
Luanda, Angola (PANA) - O novo chefe de Estado angolano, João Lourenço, considerou segunda-feira a impunidade como o principal fator dos elevados índices de corrupção no país.
"A corrupção acontece devido à impunidade", declarou o Presidente João Lourenço na sua primeira entrevista coletiva a jornalistas nacionais e estrangeiros que coincidiu com os seus primeiros 100 dias de governação desde a sua eleição em 23 de agosto de 2017.
Para o chefe de Estado angolano, "se não se faz nada, se não se sanciona, não se pune, não se processa, não se condena aqueles que têm sinais muito evidentes de terem sido corrompidos, é evidente que os outros farão o mesmo. Daí a razão de a corrupção estar generalizada".
Argumentou que as pessoas vêem que há enriquecimento ilícito de pessoas "que não conseguem justificar essa mesma riqueza, que não é riqueza que vem do seu trabalho".
"Há dias dizia que não estamos contra os ricos. Pelo contrário, queremos mais ricos do que Angola tem. Mas que sejam ricos que nos dignifiquem", sublinhou.
O Presidente João Lourenço respondia particularmente à questão de saber se o seu Governo tinha planos de aumentar os salários da função pública, partindo do princípio de que o combate à corrupção passava pelo aumento dos salários e pela melhoria das condições de vida.
Sem descartar a possibilidade de melhorias salariais oportunamente, ele disse ser prematuro falar deste assunto agora porque, explicou, a economia do país (ainda) não está em condições de garantir melhor salário quer à função pública, quer aos trabalhadores em geral.
"Estou plenamente de acordo que, quando a economia estiver um pouco melhor, é justo que se mexa no salário mínimo nacional, não agora", indicou, reforçando que "não seria aconselhável falar deste assunto agora".
Mas, prosseguiu, este assunto "não parece ter grande ligação com o fenómeno da corrupção".
"Porque senão estaríamos a dizer que só os que têm maus salários é que estão sujeitos a ser corrompidos. Não é verdade. Há pessoas que ocupam funções de topo, que têm bons salários, boas regalias que o Estado dá e mesmo assim deixam-se corromper", justificou.
No seu entender, portanto, o fenómeno corrupção em Angola atingiu os níveis que atingiu "por aquilo que temos vindo a falar bastante nos últimos dias, a chamada impunidade".
"Só a impunidade é responsável pelos altos níveis de corrupção que se atingiu no país. Desde quem pede a gasosa na rua até (às) pessoas que ocupam lugares de destaque na hierarquia do Estado angolano", insistiu.
De acordo com ele, a questão do salário é também um problema que deve merecer a atenção do Governo, uma vez que o trabalhador bem pago "faz com que o empregador tenha mais moral para exigir desse trabalhador mais trabalho, melhor qualidade de trabalho".
"Mas também põe-se outro problema. Por exemplo, no que diz respeito à função pública, pagar melhor será possível se pagarmos melhor a menos gente. A função pública tem excedentes de trabalhadores", ressalvou.
Explicou que melhorar o salário da função pública deve ser acompanhado da redução desta mesma função pública, mas que depois vai se pôr outro problema.
"Vamos resolver um problema, mas vamos criar outro. A redução (...) vai colocar um certo número de pessoas no desemprego, porque sabemos que o setor privado hoje não está ainda à altura de absorver esses trabalhadores que a função pública pode vir a dispensar", argumentou.
Na sua ótica, o Estado tem de olhar para tudo isso e saber encontrar pontos de equilíbrio, "sob pena de estarmos sujeitos a convulsões sociais que não interessam a ninguém, obviamente".
"Portanto, é um dilema que enfrentamos, da necessidade de pagarmos bons salários, por um lado, à necessidade da redução da máquina do aparelho do Estado. Mas também a necessidade de não atirar as pessoas para o desemprego, salvo aquelas que estão em idade da reforma", concluiu.
-0- PANA IZ 09jan2018
"A corrupção acontece devido à impunidade", declarou o Presidente João Lourenço na sua primeira entrevista coletiva a jornalistas nacionais e estrangeiros que coincidiu com os seus primeiros 100 dias de governação desde a sua eleição em 23 de agosto de 2017.
Para o chefe de Estado angolano, "se não se faz nada, se não se sanciona, não se pune, não se processa, não se condena aqueles que têm sinais muito evidentes de terem sido corrompidos, é evidente que os outros farão o mesmo. Daí a razão de a corrupção estar generalizada".
Argumentou que as pessoas vêem que há enriquecimento ilícito de pessoas "que não conseguem justificar essa mesma riqueza, que não é riqueza que vem do seu trabalho".
"Há dias dizia que não estamos contra os ricos. Pelo contrário, queremos mais ricos do que Angola tem. Mas que sejam ricos que nos dignifiquem", sublinhou.
O Presidente João Lourenço respondia particularmente à questão de saber se o seu Governo tinha planos de aumentar os salários da função pública, partindo do princípio de que o combate à corrupção passava pelo aumento dos salários e pela melhoria das condições de vida.
Sem descartar a possibilidade de melhorias salariais oportunamente, ele disse ser prematuro falar deste assunto agora porque, explicou, a economia do país (ainda) não está em condições de garantir melhor salário quer à função pública, quer aos trabalhadores em geral.
"Estou plenamente de acordo que, quando a economia estiver um pouco melhor, é justo que se mexa no salário mínimo nacional, não agora", indicou, reforçando que "não seria aconselhável falar deste assunto agora".
Mas, prosseguiu, este assunto "não parece ter grande ligação com o fenómeno da corrupção".
"Porque senão estaríamos a dizer que só os que têm maus salários é que estão sujeitos a ser corrompidos. Não é verdade. Há pessoas que ocupam funções de topo, que têm bons salários, boas regalias que o Estado dá e mesmo assim deixam-se corromper", justificou.
No seu entender, portanto, o fenómeno corrupção em Angola atingiu os níveis que atingiu "por aquilo que temos vindo a falar bastante nos últimos dias, a chamada impunidade".
"Só a impunidade é responsável pelos altos níveis de corrupção que se atingiu no país. Desde quem pede a gasosa na rua até (às) pessoas que ocupam lugares de destaque na hierarquia do Estado angolano", insistiu.
De acordo com ele, a questão do salário é também um problema que deve merecer a atenção do Governo, uma vez que o trabalhador bem pago "faz com que o empregador tenha mais moral para exigir desse trabalhador mais trabalho, melhor qualidade de trabalho".
"Mas também põe-se outro problema. Por exemplo, no que diz respeito à função pública, pagar melhor será possível se pagarmos melhor a menos gente. A função pública tem excedentes de trabalhadores", ressalvou.
Explicou que melhorar o salário da função pública deve ser acompanhado da redução desta mesma função pública, mas que depois vai se pôr outro problema.
"Vamos resolver um problema, mas vamos criar outro. A redução (...) vai colocar um certo número de pessoas no desemprego, porque sabemos que o setor privado hoje não está ainda à altura de absorver esses trabalhadores que a função pública pode vir a dispensar", argumentou.
Na sua ótica, o Estado tem de olhar para tudo isso e saber encontrar pontos de equilíbrio, "sob pena de estarmos sujeitos a convulsões sociais que não interessam a ninguém, obviamente".
"Portanto, é um dilema que enfrentamos, da necessidade de pagarmos bons salários, por um lado, à necessidade da redução da máquina do aparelho do Estado. Mas também a necessidade de não atirar as pessoas para o desemprego, salvo aquelas que estão em idade da reforma", concluiu.
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