Agência Panafricana de Notícias

Imigrantes africanos em Cabo Verde querem regressar a países de origem

Praia, Cabo Verde (PANA) – Muitos imigrantes africanos que se encontram em Cabo Verde sem trabalho querem regressar aos respetivos países de origem, revelou sexta-feira o presidente da Plataforma das Comunidades Africanas Residentes em Cabo Verde (PCAR-CV), Tony Parker.

Citado pela agência cabo-verdiana de notícias (Inforpress), Tony Parker disse que esta vontade foi manifestada durante um encontro realizado pelo PCAR-CV, na semana passada, na ilha do Sal, com a presença de cerca de 500 imigrantes.

Segundo Parker, o Sal, a principal ilha turística do arquipélago, tem sido uma das mais afetadas pela crise que o país vive e que tem tido especial repercussão na construção civil, setor que emprega o maior número de imigrantes.

“Neste momento, estamos a trabalhar juntamente com a Organização Internacional das Migrações e outros organismos de Cabo Verde para procurar a melhor solução para estes imigrantes”, afiançou.

O presidente da PCAR-CV indicou ainda que muitos dos imigrantes que querem regressar chegaram a Cabo Verde sem nenhuma formação profissional, mas hoje estão bem capacitados e com formação como carpinteiros, pintores e pedreiros, pelo que podem ajudar os seus países em caso de regresso.

Tony Parker aponta o “baixo salário, a ausência de contratos de trabalho, a falta de segurança social e a falta de autorização de residência”, como alguns dos principais problemas que os imigrantes africanos enfrentam no mercado de trabalho em Cabo Verde.

O presidente da PCAR-CV fez estas declarações no âmbito de um encontro promovido, sexta-feira, pela Inspeção-Geral do Trabalho (IGT) com o objetivo principal de auscultar as preocupações da plataforma e recolher subsídios que poderão reforçar as estratégias da IGT na gestão das vulnerabilidades e nas suas relações com os trabalhadores imigrantes.

Neste sentido, a IGT pretende ainda reunir-se com os imigrantes em todas as ilhas para esclarece-los sobre os seus direitos e deveres para uma melhor integração no mercado de trabalho.

Parker considerou a iniciativa “louvável”, ao mesmo tempo que se manifestou de acordo com a medidas que Governo de Cabo Verde está a tomar para regularizar a situação dos imigrantes que se encontram no arquipélago em situação de ilegalidade.

Reconheceu também que as exigências que as autoridades cabo-verdianas estão a fazer para a renovação do cartão de residência, estão de acordo com a legislação do país, tendo em conta que muitos imigrantes não apresentavam todos os documentos requeridos para o efeito, como o recibo de renda de casa e do pagamento da fatura de eletricidade e água.

Os fluxos migratórios para o arquipélago são, na maioria, provenientes da costa ocidental africana, no quadro de acordos assinados por Cabo Verde enquanto país-membro da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Um estudo sobre o "Perfil Migratório de Cabo Verde", realizado entre julho e dezembro de 2009, apontava para "um aumento exponencial de imigrantes no país", estimando que em 2010 estariam a viver no arquipélago 12 mil e 35 estrangeiros, dos quais apenas cerca de nove mil estariam legalizados.

As autoridades estimam atualmente que o número de imigrantes a residir em Cabo Verde seja de cerca de 17 mil.

Os imigrantes africanos que procuram Cabo Verde são na sua maioria homens jovens entre os 20 e os 40 anos, sem suficiente qualificação laboral, mas que constituem uma "considerável reserva de mão-de-obra", presente sobretudo nos setores da construção civil, da segurança patrimonial de empresas e moradias e na hotelaria e turismo.

-0- PANA CS/IZ 17ago2013