Igreja católica exige moderação e respeito do veredito das urnas no Burundi
Bujumbura, Burundi (PANA) – A Conferência das Igrejas Católicas do Burundi (CECAB) apela à moderação e ao respeito pelo veredito das urnas, na perspetiva das eleições presidencial, legislativa e autárquica, num ambiente de tensões políticas e de insegurança.
A CECAB lançou este apelo depois de um ataque com granada ocorrido domingo último em Bujumbura e que fez 12 feridos.
Mas o incidente não está por enquanto ligado ao contexto pré-eleitoral agitado no Burundi.
Na sequência deste incidente, a potente igreja do Burundi (com mais de 60 por cento de fiéis no seio da população ) pronunciou-se contra este ato de violência “injustificável” em democracia.
Denuncia ainda ambições desmedidas que levam alguns protagonistas eleitorais a reivindicar a vitória antes da hora, aumentando assim o risco de agravar as tensões já visíveis no país.
Para a igreja católica do Burundi, uma competição leal e sã exige, antes de tudo, uma predisposição dos espíritos a aceitar “com honestidade" quer a derrota quer a vitória.
A declaração exorta aos corpos de defesa e de segurança, aos quadros administrativos na base, bem como à imprensa a acompanharem o processo eleitoral, "com neutralidade e profissionalismo desejados."
Durante um briefing com a imprensa, esta terça-feira, o porta-voz da Polícia Nacional, Pierre Nkurikiye, revelou 30 novos feridos, nas fileiras do regime no poder e cinco nas da oposição, a semana passada de campanha eleitoral, durante a campanha eleitoral decorrida na semana finda.
Na semana anterior, foram registados três mortos, 26 feridos e cerca de 60 detenções, segundo ainda a Polícia burundesa.
O líder do Congresso Nacional para a Liberdade (CNL, principal partido da oposição), Agathon Rwasa, é acusado de incitar à violência.
Por sua vez, este aponta o dedo acusador para o campo adverso.
O « fenómeno CNL » e o seu líder, Agathon Rwasa, provocam « um mar de pessoas”quando se reúnem em diferentes locais no país, alertam analistas em Bujumbura.
As eleições gerais de 2015 foram manchadas por atos de violência em massa.
Desde então, o clima político não pára de se envenenar e numerosos são os líderes políticos, bem como milhares de cidadãos burundeses exilados no estrangeiro que adiaram o regresso ao país, no termo destas novas eleições.
-0- PANA FB/IS/MAR/DD 12maio2020