Hungria apoia Cabo Verde na mobilização de água para a agricultura
Praia, Cabo Verde (PANA) - Uma equipa técnica da Hungria encontra-se em Cabo Verde para apoiar o país na montagem do projeto de mobilização de água para a agricultura, no quadro da linha de crédito de 35 milhões de euros (3,8 milhões de contos), concedido por aquele país o leste europeu, apurou a PANA na cidade da Praia, de fonte segura.
De acordo com o presidente do conselho de administração da Agência Nacional de Água e Saneamento (ANAS), Miguel da Moura, os técnicos húngaros deslocaram-se ao país para ajudarem as autoridades cabo-verdianas a escolherem os locais onde o projeto vai ser implantado, bem como as tecnologias a serem instaladas.
“Para além de ser o provedor dos recursos financeiros, a Hungria vai ser o provedor da tecnologia e de conhecimentos em matéria de gestão” do referido projeto que tem duas componentes, designadamente a dessalinização da água salobra e a reutilização das águas residuais, a partir das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).
“Esta equipa vem trabalhar juntamente com a equipa nacional na definição dos locais que têm propensão e potencialidade agrícolas, e onde há disponibilidade de água salobra ser dessalinizada”, explicou.
Entretanto, Miguel da Moura adiantou que as autoridades cabo-verdianas já têm identificados cerca de 60 furos em várias localidades onde a água está salobra.
Igualmente já foram identificadas as ETAR de Santiago, São Vicente, Maio e Boa Vista como sendo possíveis locais para a implantação do emprendimento.
“Vamos trabalhar nessas localidades e, a partir daí, vamos escolher os sítios específicos onde instalar o projeto”, disse o presidente da ANAS, indicando que estudos também estão em curso para se definir a quantidade ou o volume de água a ser extraído para dessalinizar, em cada um dos furos, e o tipo de dessalinizadora que deve ser instalada.
Com este programa, o Governo pretende aumentar a disponibilidade da água para o setor da agricultura, a um preço mais reduzido, de forma a tornar o setor mais competitivo, e aumentando a sua cadeia de valor no processo produtivo em Cabo Verde.
Segundo Miguel da Moura, o empreendimento vai ser gerido pela recém-criada empresa Águas de Rega.
“Nós estamos a querer aproveitar para tornar Água de Rega uma empresa muito robusta, capaz de entregar água aos agricultores na hora certa, quantidade combinada, qualidade certificada, de tal forma que o agricultor não terá mais a necessidade de ele mesmo estar atrás de consertar uma bomba ou um motor, porque a empresa com base em contrato vai ter que entregar a qualidade prometida e a quantidade desejada na hora certa”, frisou.
O projeto vai ser lançado nos próximos dias, e a previsão é que, dentro de quatro anos, esteja completamente implementado.
O acordo para esta linha de crédito de 35 milhões de euros foi assinado, em março de 2019, na cidade da Praia, no âmbito da visita oficial que o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, efetuou nessa ocasião ao arquipélago cabo-verdiano.
Além deste acordo, nessa altura, foi também assinada entre os dois países uma carta de intenções relativa às negociações do acordo para evitar a dupla tributação e a prevenção da evasão fiscal em matéria de impostos sobre o rendimento e o acordo de promoção e proteção recíproca de investimentos.
Em comunicado, o Governo cabo-verdiano apresentou então a Hungria como um parceiro antigo e país com o qual "as relações bilaterais datam desde a independência de Cabo Verde.
Estas relações foram profícuas com o desenvolvimento da cooperação no domínio da educação superior, com a disponibilização de várias bolsas de estudo, contribuindo assim para que um número razoável de estudantes cabo-verdianos pudesse realizar estudos superiores naquele país, lê-se no documento.
-0- PANA CS/DD 30set2020