Hospital fechado devido à violência mortífera no oeste do Sudão
Cartum, Sudão (PANA) - Um grande hospital acaba de fechar as suas portas na cidade cercada de Al Fasher, na província de Darfur-Norte (oeste do Sudão) devido a atos contínuos de violência mortífera, soube a PANA de fonte oficial.
O posto médico fechou-se no fim de semana último depois de assaltado por soldados, suscitando a inquietude da Organização Mundial da Saúde (OMS) face ao impacto grave nos pacientes e feridos.
"A OMS está consternada pelo recemte ataque contra o Hospital Sul, o único dotado de uma capacidade cirúrgica em Al Fasher, em Darfur", lamentou a OMS numa mensagem publicada na sua página X (ex-twitter).
A agência das Nações Unidas acrescentou que consequentemente dois postos de saúde, sitos na mesma cidade, ultrapassaram a sua capacidade de atendimento, limitando cada vez mais o acesso aos serviços vitais.
Segundo algumas informações, o hospital em apreço deve ter fechado as suas portas depois de elementos das Forças de Apoio Rápido (RSF, rebelião) terem entrado lá disparando.
A Médicos Sem Fronteiras, uma Organização Não Governamentais (ONG), que ajuda a infraestrutura a gerir-se, declarou na sua página X que, nessa ocasião, combatentes armados roubaram material médico e uma ambulância.
Numa outra mensagem publicada nas redes sociais, a OMS condenou um outro incidente similar, referente a um estabelecimento sanitário em Wad Al-Nura, no Estado de Al-Jazirah, a sul de Cartum, que causou a morte de uma enfermeira que estava de serviço e que no momento dos factos cuidava de pacientes.
A OMS condenou com firmeza os ataques contra locais de cuidados médicos.
"Os trabalhadores de saúde e pacientes não deviam arriscar a sua vida no exercício do seu trabalho", indignou-se após este ataque alegadamente perpetrado por paramilitares das Forças de Segurança Republicanas com armas pesadas, e que fez mais de 200 mortos", defendeu.
Aderindo sexta-feira última a esta condenação internacional, o alto comissário das Nações Unidas para Direitos Humanos, Volker Turk, com base em provas recolhidas pelo escritório, indicou que, durante a agressão, as FAR (Forças de Apoio Rápido) utilizaram armas com grande capacidade de destruição, como obuses.
Anteriormente, ele denunciou "o impacto, profundamente devastador nos civis, dos confrontos entre as Forças Armadas Sudanesas e as Forças de Apoio Rápido em Al Fasher, no extremo oeste do país.
Para além dos apelos pessoais lançados aos generais dos dois exércitos rivais, Turk preveniu que mais de 1,8 milhão de residentes e pessoas deslocadas no interior da cidade correm um risco iminente de fome.
Qualquer nova escalada terá um impacto catastrófico nos civis e agravará o conflito intercomunitário com consequência humanitárias desastrosas, advertiu.
A seu ver, a urgência humanitária provocada pelos violentos combates que eclodiram no Sudão em abril último está a vir a ser a maior crise da fome no mundo.
De acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas, 18 milhões de pessoas no Sudão estão em situação de insegurança alimentar aguda, das quais cerca de cinco milhões estão doravante confrontados com níveis de fome de emergência.
Trata-se, na sua ótica, de um número mais elevado jamais registado durante a época de colheitas.
Perto de 90 por cento de pessoas em situação de emergência encontram-se nas zonas onde o acesso está extremamente limitado, atendendo aos violentos combates e consequentes restrições, lamentou o PAM, lançando finalmente um apelo para um financiamento urgente.
-0- PANA AR/VAO/MTA/IS/DD 10junho2024