HRW exorta líder rebelde líbio a renunciar ao uso de minas terrestres na Líbia
Trípoli, Líbia (PANA) - A organização de defesa dos direitos humanos Human Right Watch (HRW) apelou, quarta-feira, ao líder rebelde líbio, marechal Khalifa Haftar, para reiterar o seu compromisso de cessar o recorrer às minas terrestres, nas zonas de combates.
O apelo da HRW segue-se a informações dando conta de vítimas civis de engenhos explosivos armadilhados, montados na periferia da capital líbia, Trípoli, pelos apoiantes de Haftar na sua retidada de alguns eixos de combates.
"Haftar deverá reafirmar publicamente este compromisso e pedir aos combatentes sob seu comando e às tropas estrangeiras que o apoiam, para cessar de utilizar minas terrestres e destruir qualquer stock na sua posse”, declarou a HRW num comunicado publicado quarta-feira.
A organização sediada, em Washington (Estados Unidos), indicou que um grupo armado e associados que lutam pelo controlo de Tripol, "parecem ter utilizado minas antipessoal e armadilhas em finais de maio de 2020”.
"Qualquer utilização de minas terrestres proibidas a nível internacional é inadmissível”, lembrou Steve Goose, diretor da HRW para a Divisão das Armas e presidente da Campanha Internacional para a Proibição das Minas Terrestres, co-vencedor do Prémio Nobel da Paz.
Goose considera que aqueles que combatem, em Tripoli, "devem cessar de utilizar minas terrestres e começar a retirá-las para evitar prejudicar cada vez mais a vida humana".
A 25 de maio último, a Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (MANUL) declarou-se preocupada com as informações segundo as quais habitantes dos bairros de Tripoli Ain Zara e Salaheddine teriam sido mortos ou feridos por engenhos explosivos improvisados colocados perto das suas casas.
Uma das vítimas, identificada como Zakaria al-Jamal, morreu numa explosão ocorrida a 22 de maio último, quando verificava a casa da sua família, em Salaheddine, precisou a MANUL.
Segundo ainda a missão onusina, um vídeo gráfico postado, a 25 do mesmo mês, na sua conta Twitter, mostra a morte de um homem identificado como Mohammed Daleh cujo irmão ficou gravemente ferido, quando tentava desmontar engenhos explosivos, em Tripoli.
A HRW acrescenta que as forças governamentais líbias partilharam, a 29 de maio último, fotos na página Twitter de quatro tipos de minas terrestres antipessoal fabricadas, na União Soviética ou na Rússia.
O comunicado da HRW denuncia que os engenhos foram colocados pelos "mercenários Wagner”, uma empresa militar privada ligada a Kremlin que apoia as forças árabes nas zonas de Ain Zara, al-Khella, Salaheddine, al-Sidra e Wadi al-Rabi, em Tripoli.
A Líbia não é signatária do Tratado Antimina, assinado por 164 países que se comprometeram a proibir completamente as minas antipessoal, e a dedicar-se à desminagem e à assistência às vítimas.
Afetada por minas terrestres e restos de explosivos de guerra que datam da Segunda Guerra Mundial, a Líbia também está confrontada com minas terrestres e outros explosivos, no país, que fizeram pelo menos três mil 252 vítimas, de acordo com o Landmine Monitor.
-0- PANA BY/BEH/FK/IZ 4junho2020