PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Guiné-Bissau vítima de violências com traços narcóticos
Dakar- Senegal (PANA) -- Desde o golpe de Estado frustrado de 23 de Novembro de 2008, a Guiné-Bissau parecia recuperar um pouco de estabilidade política, com a designação dum novo primeiro-ministro, na pessoa do líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Carlos Gomes Júnior, após eleições democráticas.
No entanto, as medidas adoptadas pelo Conselho de Mediação e Segurança da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), para reforçar o dispositivo de segurança no país e proteger o Presidente da República bem como as demais instituições do Estado, não permitiram prevenir a série de ataques que acaba de privar o país do seu chefe de Estado.
O envolvimento directo prometido pela CEDEAO, materializado pelo envio duma equipa de peritos "para ajudar as autoridades bissau- guineenses a determinar os autores e eventuais responsáveis por este ataque", permitiu certamente a detenção, na Gâmbia, do presumível mentor do ataque de 23 de Novembro último, Alexandres Ntchama Yalá, bem como do ex-director-geral dos Serviços de Inteligência, Alfredo Malu.
Mas tal esteve longe de resolver as profundas divergências que obstruíam as relações entre o Governo e as Forças Armadas nacionais.
Com efeito, o general Baptista Tagmé Na Wai, chefe do Estado-Maior- General das Forças Armadas (CEMGFA), morto domingo numa explosão à bomba que terá aparentemente provocado a represália contra o chefe de Estado bissau-guineense, decidiu, no início de Janeiro último, desarmar 400 milicianos (Anguentas) recrutados pelo ministro do Interior para garantir a segurança do chefe de Estado Nino Vieira, na sequência do ataque de 23 de Novembro.
Para o CEMGFA, estes elementos armados "que foram recrutados fora de qualquer procedimento legal não são militares nem agentes de segurança designados por uma instituição do Estado".
Ele, que escapou a um atentado a eles atribuído, responsabilizou igualmente o ministro do Interior "por todas as consequências relativas à insegurança e à instabilidade que poderiam advir desta situação".
Porém, observadores da cena política bissau-guineense não excluem a hipótese de que o assassinato do chefe do CEMGFA bem como do Presidente da República seja um acto executado ou ordenado por padrinhos da droga, estabelecendo assim uma ligação entre estes homicídios de Bissau e a morte do filho do ex-Presidente conakry- guineense, Ousmane Conté, que se explicou, na semana passada, sobre a questão do tráfico de narcóticos na sub-região.
O International Crisis Group (ICG), uma Organização não Governamental (ONG) independente sediada na Bélgica, evocou, num relatório recente divulgado em Nova Iorque (Estados Unidos), a ameaça crescente dos grupos internacionais de tráfico de droga na Guiné-Bissau.
A ONG belga precisava que, sem um verdadeiro compromisso da sua equipa dirigente de pôr termo às intrigas e à violência que comprometem as suas perspectivas futuras, a Guiné-Bissau continuará instável e incapaz de fazer face à corrupção crescente ou mudar o seu estatuto de placa giratória da droga.
Em Agosto último, o juiz de instrução criminal Gabriel Djedju foi demitido por ter concedido liberdade provisória ao presumível narcotraficante de origem venezuelana, Carmelo António Vasquez Guerra, e aos seus dois cúmplices que mais tarde se puseram em fuga.
Os três Venezuelanos encontravam-se a bordo dum avião com a matrícula N35FE, proveniente da Venezuela, e que transportava 500 sacos de cocaína.
Fontes próximas da Polícia Judiciária acrescentaram que um oficial das Forças Armadas bissau-guineenses fazia parte dos passageiros do avião.
O ritmo crescente dos envios de estupefacientes para a Guiné-Bissau levou o então primeiro-ministro, Martinho Ndafa Cabi, a afirmar, em Abril de 2008, que "as pessoas se enriqueceram na Guiné-Bissau graças ao tráfico de droga", precisando que possuía "provas materiais" e que esperava apenas "a colaboração do Ministério Público para poder dizer a verdade".
Desde então, as tentativas de golpe de Estado bem como as ameaças e intimidações tornaram-se mais persistentes.
O ataque de 23 de Novembro de 2008 foi precedido de uma tentativa de golpe de Estado presumivelmente urdida pelo chefe do Estado-Maior da Marinha bissau- guineense, o almirante Américo Bubo Na Tchuto, que viria a refugiar- se na Gâmbia, após a sua suspensão.
A ministra da Justiça, Carmélita Pires, que recebeu ameaças de morte, convidou "os poderes públicos do país a assumir as suas responsabiidades", alegando o facto de que "todos os que tentam lutar contra o narcotráfico na Guiné-Bissau são vulneráveis, já que não são protegidos por nenhum dispositivo de segurança".
No entanto, as medidas adoptadas pelo Conselho de Mediação e Segurança da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), para reforçar o dispositivo de segurança no país e proteger o Presidente da República bem como as demais instituições do Estado, não permitiram prevenir a série de ataques que acaba de privar o país do seu chefe de Estado.
O envolvimento directo prometido pela CEDEAO, materializado pelo envio duma equipa de peritos "para ajudar as autoridades bissau- guineenses a determinar os autores e eventuais responsáveis por este ataque", permitiu certamente a detenção, na Gâmbia, do presumível mentor do ataque de 23 de Novembro último, Alexandres Ntchama Yalá, bem como do ex-director-geral dos Serviços de Inteligência, Alfredo Malu.
Mas tal esteve longe de resolver as profundas divergências que obstruíam as relações entre o Governo e as Forças Armadas nacionais.
Com efeito, o general Baptista Tagmé Na Wai, chefe do Estado-Maior- General das Forças Armadas (CEMGFA), morto domingo numa explosão à bomba que terá aparentemente provocado a represália contra o chefe de Estado bissau-guineense, decidiu, no início de Janeiro último, desarmar 400 milicianos (Anguentas) recrutados pelo ministro do Interior para garantir a segurança do chefe de Estado Nino Vieira, na sequência do ataque de 23 de Novembro.
Para o CEMGFA, estes elementos armados "que foram recrutados fora de qualquer procedimento legal não são militares nem agentes de segurança designados por uma instituição do Estado".
Ele, que escapou a um atentado a eles atribuído, responsabilizou igualmente o ministro do Interior "por todas as consequências relativas à insegurança e à instabilidade que poderiam advir desta situação".
Porém, observadores da cena política bissau-guineense não excluem a hipótese de que o assassinato do chefe do CEMGFA bem como do Presidente da República seja um acto executado ou ordenado por padrinhos da droga, estabelecendo assim uma ligação entre estes homicídios de Bissau e a morte do filho do ex-Presidente conakry- guineense, Ousmane Conté, que se explicou, na semana passada, sobre a questão do tráfico de narcóticos na sub-região.
O International Crisis Group (ICG), uma Organização não Governamental (ONG) independente sediada na Bélgica, evocou, num relatório recente divulgado em Nova Iorque (Estados Unidos), a ameaça crescente dos grupos internacionais de tráfico de droga na Guiné-Bissau.
A ONG belga precisava que, sem um verdadeiro compromisso da sua equipa dirigente de pôr termo às intrigas e à violência que comprometem as suas perspectivas futuras, a Guiné-Bissau continuará instável e incapaz de fazer face à corrupção crescente ou mudar o seu estatuto de placa giratória da droga.
Em Agosto último, o juiz de instrução criminal Gabriel Djedju foi demitido por ter concedido liberdade provisória ao presumível narcotraficante de origem venezuelana, Carmelo António Vasquez Guerra, e aos seus dois cúmplices que mais tarde se puseram em fuga.
Os três Venezuelanos encontravam-se a bordo dum avião com a matrícula N35FE, proveniente da Venezuela, e que transportava 500 sacos de cocaína.
Fontes próximas da Polícia Judiciária acrescentaram que um oficial das Forças Armadas bissau-guineenses fazia parte dos passageiros do avião.
O ritmo crescente dos envios de estupefacientes para a Guiné-Bissau levou o então primeiro-ministro, Martinho Ndafa Cabi, a afirmar, em Abril de 2008, que "as pessoas se enriqueceram na Guiné-Bissau graças ao tráfico de droga", precisando que possuía "provas materiais" e que esperava apenas "a colaboração do Ministério Público para poder dizer a verdade".
Desde então, as tentativas de golpe de Estado bem como as ameaças e intimidações tornaram-se mais persistentes.
O ataque de 23 de Novembro de 2008 foi precedido de uma tentativa de golpe de Estado presumivelmente urdida pelo chefe do Estado-Maior da Marinha bissau- guineense, o almirante Américo Bubo Na Tchuto, que viria a refugiar- se na Gâmbia, após a sua suspensão.
A ministra da Justiça, Carmélita Pires, que recebeu ameaças de morte, convidou "os poderes públicos do país a assumir as suas responsabiidades", alegando o facto de que "todos os que tentam lutar contra o narcotráfico na Guiné-Bissau são vulneráveis, já que não são protegidos por nenhum dispositivo de segurança".