Agência Panafricana de Notícias

Guarda presidencial desiste do pedido de demissão do PM no Burkina Faso

Ouagadougou, Burkina Faso (PANA) – O Regimento da Segurança Presidencial (RSP) que perturbou nos últimos dias a transição burkinabe ao pedir a demissão do primeiro-ministro Yacouba Isaac Zida, desistiu desta ideia, quinta-feira, por falta de apoio das populações.

O primeiro-ministro, tenente-coronel Zida, ex-número dois RSP, do qual ele pediu em dezembro último a dissolução « pura e simples », comprometeu-se, do seu lado, a não dissolver esta corporação de elite poderosa e bem remunerada do Exército burkinabe.

Mas desde o início das agitações do RSP, que serviu o antigo Presidente destituído pela rua em finais de outubro último, após 27 anos de poder, os apelos para a « dissolução» e o
« desmentelamento » desta corporação fazem-se ouvir em toda parte neste país saheliano de 17 milhões de habitantes.

Para os responsáveis das organizações da sociedade civil que previram um grande comício popular sábado, na capital, Ouagadougou, e em toda a parte no interior do país, as movimentações do RSP são intoleráveis pois constituem um «obstáculo ao bom funcionamento das instituições de transição”.

Na quinta-feira, várias centenas de pessoas mobilizaram-se na Praça da Nação, epicentro do levantamento popular de finais de outubro último, para pedir a dissolução do RSP.

O sub-secretário de Estado americano para os Assuntos Políticos, Jeffrey Feltman, preveniu que a comunidade internacional não perdoará os que « ameaçam o processo de transição » no Burkina Faso.

"Os Estados Unidos não tolerarão uma divisão entre o povo burkinabe, pois nos batemos por incutir na cabeça das pessoas a ideia de que somos pelo interesse geral das populações. Se for o interesse duma pessoa ou dum único grupo, isto não nos interessa; que seja da esquerda ou da direita », declarou, por sua vez, o embaixador americano no Burkina Faso, Tulinabo Mushingi.

O RSP, unidade de elite considerada como a guarda pretoriana do antigo chefe de Estado, foi acusada no último relatório da Amnistia Internacional (AI) de ter disparado contra manifestantes durante os dias da insurreicão.

Além disso, a organização de defesa dos direitos humanos pediu a abertura dum inquérito
« independente e imparcial » sobre esta unidade.

A sociedade civil burkinabe afirma, por sua vez, que «a dissolução do RSP constituirá sanções firmes e exemplares contra os autores de atos nocivos contra a segurança nacional ».

Em janeiro passado, o Grupo Internacional de Crise (GIC), no seu último relatório, indicou que o Burkina Faso deve realizar reformas no seu Exército, nomeadamente no seio da Guarda presidencial do ex-chefe de Estado, Blaise Compaoré, a fim de preservar a sua « estabilidade ».

No entanto, o relatório preveniu que a dissolução da antiga Guarda presidencial fará pairar um sério risco de derrapagem sobre a transição (…), se ela for mal feita e poderá levar os elementos desta unidade de elite, a melhor armada do país, a reagir « violentamente », na ausência de concertação prévia.

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