Agência Panafricana de Notícias

Grupo de reflexão preconiza melhor gestão económica em África

Addis Abeba, Etiópia (PANA) – Os países africanos deverão manter controlos estritos sobre as suas economias e livrar-se das moedas indexadas ao euro para evitar efeitos mais devastadores da crise da dívida da Zona Euro, propôs um grupo de reflexão económica.

Segundo o diretor dos Assuntos Externos da Fundação para o Reforço das Capacidades Africanas (ACBF), Bakary Koné, os efeitos da crise da dívida na Zona Euro fazem-se sentir na África Ocidental e Central, devido ao laço direto entre o euro e o franco CFA.

"África deve manter um controlo estrito sobre as suas economias. Existem moedas indexadas ao euro, nomeadamente dos países da zona do franco CFA. Isto significa que as suas moedas se apreciam sem razões ligadas aos fundamentos económicos", disse à PANA.

Koné indicou que se deve ajudar os países da África Ocidental investindo nas suas infraestruturas industriais de base para pôr termo às suas exportações de matérias- primas.

"Exportamos o nosso cacau para a Europa. As favas e a manteiga de cacau dão uma margem de lucro de 10 a 15 porcento. Alguns países foram avisados e começaram a criar indústrias de base para fabricar a sua manteiga de cacau", sublinhou.

Koné, que acabava de assinar com o Ministério etíope das Finanças um acordo para a adesão da Etiópia à ACBF, disse que políticas económicas sólidas culminarão numa melhor governação e contribuirão para a redução da pobreza em África.

A ACBF financia atualmente 29 grupos de reflexão em África para a execução das políticas destinadas a promover o emprego dos jovens, a pesquisa e a inovação e a restruturação das economias.

"Desejamos que África formule políticas que ajudem os nossos países a passar para a fase superior", disse Koné, um economista ivoiriense.

Segundo ele, exportar matérias-primas "não nos leva a nada" mas que os países precisam de se desenvolver pela pesquisa e pela inovação.

Koné revelou que a ACBF trabalha atualmente para promover a inovação através da ciência e da tecnologia e se preocupa com o facto de a pesquisa ser menos considerada.

"Temos de apoiar a inovação. Não se trata de ser rico em ouro e em platina. É o que pretendemos tirar destes minérios que é importante", disse.

Por outro lado, Koné lamentou que, em 2008, quando o mundo atravessou crises financeira, alimentar e económica, houve um falso sentimento de que a maioria das economias restistiram a estes choques, cujo impacto foi enorme.

"Por quê que todo o mundo diz que África resistiu melhor? A maioria dos países endureceram as suas regulamentações. Esforços evidentes foram feitos para se concentrar nos setores prioritários da economia", indicou.

"Economias bem geridas baseiam-se em decisões factuais. Estudamos as consequências destas decisões pois os melhores programas podem fracassar por falta de aplicação das decisões. Temos de fazer com que as competências sejam reforçadas e que as capacidades institucionais o sejam também. É impossível marginalizar estas instituições", afirmou Koné.

-0- PANA AO/VAO/FJG/AAS/IBA/CJB/IZ  09fev2012