Grécia expulsa embaixadora da Líbia
Atenas, Grécia (PANA) – A Grécia expulsou a embaixadora da Líbia, em Atenas, Maiza Gzllal, a quem deu 72 horas para abandonar o país, anunciou sexta-feira o ministro grego dos Negócios Estrangeiros, Nikos Dendias.
Segundo Dendias, a diplomata líbia foi convocada no seu Ministério, no mesmo dia, "e foi informada da sua expulsão".
O chefe da diplomacia grega indicou que esta decisão traduz o descontentamento do seu Governo para com as autoridades, em Tripoli, e que foi tomada, porque “a parte líbia não respeitou os termos acordados".
Em causa está o texto do acordo assinado recentemente entre a Turquia e a Líbia e que, segundo Dendias, tem a assinatura do seu homólogo líbio, que "garantiu o contrário à parte grega em setembro passado".
"Esta expulsão não significa a rutura das relações diplomáticas", ressalvou o governante.
O acordo em causa é uma convenção entre a Turquia e a Líbia sobre a delimitação das zonas marítimas entre os dois países, cuja publicação no site web da Assembleia Nacional turca "permitiu confirmar as presunções da Grécia".
"Este acordo é uma violação flagrante do Direito Marítimo Internacional e dos direitos soberanos da Grécia e dos outros Estados”, indicou, acrescentando que, além dos seus vícios de forma e outros intrínsecos, "este acordo é ilegal e provoca deliberadamente uma tensão a nível bilateral e regional".
O ministro citou igualmente a uma carta do presidente do segundo Parlamento líbio baseado, em Benghazi, no leste da Líbia, que considera "estranho" o acordo sobre as fronteiras marítimas, uma vez que "a Líbia não tem fronteiras marítimas com a Turquia, e Grécia e o Chipre se situam dentro das fronteiras que o acordo tenta definir".
Dendias revelou que o presidente do Parlamento líbio é esperado, em Atenas, quarta-feira, para uma visita à Grécia.
A Grécia já tinha advertido no início da semana que expulsaria a embaixadora Maiza Gzllal, nesta mesma sexta-feira, se o seu país não revelasse o conteúdo de tal acordo de cooperação militar
Em declarações à imprensa local, em Atenas, Denias disse que o acordo com a Turqua "foi escondido à Grécia", pelo que exigiu que a diplomata líbia mostrasse o documento sob pena de ser declarada "persona non grata" e intimada a deixar o país.
Pouco antes, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, pediu o apoio da NATO (Organização do Tratado Atlântico Norte) para esclarecer este acordo, assinado na semana anterior, em Istambul (Turquia) pelo Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e pelo chefe do Governo líbio, Fayez al-Sarraj.
A Grécia receia que este pacto viole as suas zonas marítimas de exploração.
Membro da NATO, à semelhança da Turquia, a Grécia mantém relações turbulentas com a sua vizinha Líbia, enquanto porta de entrada de milhares de requerentes de asilo nas ilhas gregas.
Segundo a Turquia, este memorando visa nomeadamente "reforçar o acordo-quadro de cooperação militar existente” e “os laços entre as forças armadas” dos dois países (Líbia e Turquia).
-0- PANA AT/AR/NFB/BEH/MAR/IZ 06dez2019