Governo prevê ano agrícola "promissor" em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) - O ministro cabo-verdiano, da Agricultura e Ambiente Gilberto Silva, revelou, quarta-feira, na cidade da Praia, que, até ao momento, a campanha agrícola deste ano no arquipélago "parece promissora", sendo, no entanto, "bastante diferenciada" entre os vários concelhos do país, apurou a PANA de fonte segura.
Em conferência de imprensa para fazer o balanço da implementação das medidas de mitigação adotadas pelo Governo no setor agroalimentar, o ministro indicou que choveu em todas as ilhas de Cabo Verde e que Santo Antão, Santiago e Fogo são as três ilhas com mais produção agrícola de sequeiro.
"O que nós esperamos é que ainda até o final deste mês de setembro e início de outubro venha a chover para que nós possamos ter uma situação ainda melhor do que aquilo que se desenha neste momento", perspetivou o governante.
No que se refere à produção de pasto, Gilberto Silva disse que há uma "muito boa" perspetiva, enquanto a situação de produção de grãos difere em vários concelhos do país, sublinhando também o facto de se ter registo a recarga dos lençóis freáticos em muitas ribeiras do país.
Em 11 de julho, as autoridades cabo-verdianas previram uma campanha agrícola mais chuvosa este ano, e as previsões meteorológicas não descartavam a ocorrência de eventos extremos, como chuvas intensas, depressões tropicais, ventos fortes e agitação marítima.
Há praticamente quatro anos que Cabo Verde vivia as piores secas dos últimos 40 anos, o que vinha condicionando a atividade agrícola, com redução drástica da produção alimentar e rendimento das famílias rurais.
Desde março que o país está a fazer face aos efeitos da guerra na Ucrânia e tomou várias medidas de mitigação no setor agroalimentar, como o aumento do stock de cereais a granel - milho que passou de 14 mil toneladas para 31 mil toneladas, a bonificação em 30% sobre o preço da ração para monogástricos, a abertura de trabalho público, assistência alimentar às famílias, estabilização da atividade pecuária.
A partir de março, o ministro disse que houve uma estabilização dos preços dos produtos de primeira necessidade, mas em agosto sofreram "aumentos expressivos", sobretudo o óleo alimentar (84%), açúcar (41%) e farinha de trigo (28%).
Entre março e maio um total de 30.497 pessoas estavam em crise alimentar, que aumentou para 40.093 entre junho e agosto, numa situação que, segundo o ministro, está a melhorar com a produção depois da queda das chuvas.
Neste momento, avançou que há um "abastecimento estável" de produtos de primeira necessidade, sobretudo cereais, com prazo de cobertura média de três meses.
0 – PANA – CS/MAR 22 setembro 2022