Agência Panafricana de Notícias

Governo mauritano chamado a cessar repressão contra militantes antiesclavagistas

Nairobi, Quénia (PANA) – As autoridades mauritanas devem cessar de perseguir, ameaçar e sancionar as pessoas que lutam contra o esclavagismo, declarou esta semana a Amnistia Internacional (AI) na sequência da detenção de vários militantes conhecidos.

Pelo menos nove pessoas, das quais Biram Ould Dah Ould Abeid, presidente da Iniciativa para o Ressurgimento do Movimento Abolicionista (IRA), candidato derrotado às eleições presidenciais de junho último, foram capturadas terça-feira 11 de novembro e encarceradas logo depois em diferentes centros penitenciários em Rosso, uma cidade no sul do país, sem receber a visita das suas famílias.

Figuram igualmente entre os detidos Djiby Sow, presidente da Organização Não Governamental (ONG) Kawtal, e Ibrahim Bilal Ramdhane, vice-presidente da IRA.

Todas as pessoas detidas representam as ONG de defesa dos direitos humanos que se mobilizam ativamente contra a escravatura na Mauritânia.

Na semana passada, estes militantes percorreram o país para organizar mobilizações, reuniões públicas e conferências mas o seu impulso foi quebrado terça-feira última na cidade de Rosso por polícias enviados ao local para pôr termo a esta campanha.

As forças da ordem evocaram a ausência de autorização oficial mas a IRA disse tê-la solicitado e que o Governo se opôs numa declaração escrita.

« Os militantes antiesclavagistas estão constantemente submetidos a manobras de perseguição e intimidação na Mauritânia ao passo que as suas ações estão ora proibidas ora severamente sancionadas, e estas pessoas estão constantemente presas”, declara um especialista da AI para a África Ocidental, Gaeten Mooto.

« Esta repressão generalizada deve cessar pois se trata duma violação clara dos direitos à liberdade de reunião e de associação pacíficas », repreendeu.

Em Outubro último, quatro membros da IRA foram capturados na maior mesquita de Nouakchott, cidade capital, quando reagiam a críticas formuladas contra a sua organização, denunciou Mooto acrescentando que os mesmos acabaram por ser acusados de perturbar o desenrolamento das orações e incitar à revolta, entre outras queixas, tendo sido por isso mantidos em detenção sem julgamento.

« As autoridades mauritanas devem libertar todos os prisioneiros de opinião imediata e incondicionalmente e pôr termo às manobras de perseguição e intimidação contínuas relativamente aos militantes antiesclavagistas », afirmou a Amnistia Internacional.

-0- PANA DJ/SEG/NFB/JSG/FK/DD 14nov2014