Governo descarta possibilidade de aumento dos salários em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) - O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, descartou, domingo, a possibilidade de aumentos salariais no país, apesar de reconhecer os efeitos da subida de preços no poder de compra da população no país, apurou a PANA de fonte segura.
Numa entrevista coletiva a vários órgãos de comunicação social, o chefe do Governo cabo-verdiano justificou a situação pela quebra nas receitas do Estado e pelo crescimento da despesa para conter a inflação.
“Quando temos todas estas prioridades, não creio que possamos dar prioridade à atualização salarial. Virá no seu tempo, quando podermos acomodar estas despesas adicionais”, afirmou.
Ulisses Correia e Silva salientou que, devido à pandemia da covid-19 e aos efeitos da crise da guerra na Ucrânia, “as finanças públicas estão fortemente atingidas por uma quebra de receitas e por um aumento de despesas que estão vocacionadas e priorizadas para a proteção.”
“Proteção social, proteção dos mais pobres, para a inclusão, o que exige avultados recursos […] entre a proteção e mitigação do efeito da alta de preços de produtos alimentares e combustíveis, estamos a falar de abril a dezembro de mais de cinco milhões de contos (mais de 45 milhões de euros)”, apontou.
Disse não haver dúvida que a inflação faz quebrar o poder de compra.
"Aquilo que nós estamos a fazer é que estamos a acomodar uma grande parte dessa inflação, não a transferindo diretamente para as empresas nem para os cidadãos”, reconheceu o chefe do Governo.
Os preços em Cabo Verde aumentaram 0,1 por cento no em abril último e acumulam uma subida de 7,6 por cento no espaço de um ano, indicam dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) de 16 de maio corrente.
Cabo Verde não possui capacidade de refinação, e importa todos os produtos petrolíferos de que necessita (cerca de 80 por cento da produção de eletricidade é garantida por centrais de gasóleo ou fuelóleo), bem como 80 por cento dos alimentos, devido à seca que o arquipélago vive há mais de três anos.
Em declarações à imprensa, à margem dos encontros anuais do Banco Africano de Desenvolvimento, em Accra, no Gana, o vice-primeiro ministro e ministro das Finanças de Cabo Verde, Olavo Correia, estimou que o país precisa de cerca de 50 milhões de euros até ao final do ano para manter os preços estáveis face à crise provocada pela guerra na Ucrânia, bem como mais 10 milhões do previsto em abril último.
-0- PANA CS/DD 30maio2022