Agência Panafricana de Notícias

Governo defende campanha civilizada na Guiné-Conakry

Conakry- Guiné-Conakry (PANA) -- O Governo conakry-guineense apelou, sábado à noite, a Cellou Dalein Diallo e a Alpha Condé, qualificados para a segunda volta das eleições presidenciais de 19 de Setembro, para "uma campanha civilizada" que se inicia este domingo.
O ministro da Comunicação e porta-voz do Governo, Aboubacar Sylla, exortou os dois líderes à "maior sabedoria e responsabilidade" durante a campanha, instando-os a evitar invetivas e outros ataques pessoais, mas a propor aos eleitores "um programa coerente" de sociedade.
Sylla lembrou que a campanha eleitoral se realiza num "contexto excecional" e deplorou as recentes declarações provocantes dos responsáveis dos dois campos, precisando que os Conakry-Guineenses aspiram, durante 52 anos de independência, a "um verdadeiro Estado democrático".
"A Guiné-Conakry está na encruzilhada (.
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) Peço aos dois líderes para se conformar com o recente acordo sobre o código de boa conduta que eles assinaram em Ouagadougou", sob a égide do Presidente burkinabe, Blaise Compaoré, medianeiro nesta crise política, afirmou.
Os dois candidatos assinaram, sexta-feira em Ouagadougou, um acordo sobre um código de boa conduta e comprometeram-se a respeitá-la antes, durante e após o escrutínio, para evitar instabilidade na Guiné-Conakry e na sub-região.
Diallo e Condé, que estabeleceram alianças na perspetiva da segunda volta, fazem uma campanha porta-a-porta há várias semanas nos bairros desfavorecidos para sensibilizar os seus eleitores.
O líder da União das Forças Democráticas da Guiné (UFDG), Cellou Dalein Diallo, que liderou os resultados da primeira volta com 43 porcento dos votos, assinou acordos com uma parte do ex-partido no poder, o Partido da Unidade e Progresso (PUP), cujo candidato, El Hadj Aboubacar Somparé, que obteve 0,69 porcento dos sufrágios, preferiu apoiar o líder da Coligação do Povo da Guiné (RPG), Alpha Condé, com uma parte do seu eleitorado.
Cellou Dalein Diallo estabeleceu igualmente alianças com o seu adversário da primeira volta, Sidya Touré da União das Forças Republicanas (UFR), que ocupou a terceira posição com 13 porcento, e com Ibrahima Abé Sylla da Nova Geração para a República (NGR), que totalizou um resultado de três porcento.
Estes dois acordos criaram polémica, levando vários responsáveis destas formações, bem como jovens militantes, a manifestar o seu descontentamento por não terem sido consultados sobre a questão.
Manifestações, muitas vez agitadas, ocorreram em Conakry e nas cidades do interior do país onde militantes e responsáveis do partido passaram duma formação para a outra.
Segundo um observador da cena política, o candidato da UFDG, que celebrou "o casamento entre o coelho e a carpa" com líderes que não foram sinceros com ele, poderia ter problemas na segunda volta, sobretudo que o contador dos resultados foi retornado a zero.
Por seu lado, a RPG regista chegadas da maioria dos candidatos derrotados, dos quais o líder do Partido da Esperança e Desenvolvimento Nacional (PEDN), Lansana Kouyaté, com cerca de oito porcento dos eleitores, sobretudo reduzidos ao eleitorado da RPG na Alta Guiné na Guiné florestal.
Os "reis da província florestal", Papa Kolly Kourouma, parente do ex-líder da junta, Moussa Dadis Camara, e responsável da Coligação para a Defesa da República (RDR), com cerca de seis porcento dos sufrágios, bem como Jean Marc Telliano, que obteve cerca de três porcento dos votos, sustentam Alpha Condé que, com os seus 18 porcento, é apoiado por mais de 90 dos 136 partidos políticos reconhecidos.
Organizações não Governamentais (ONG), quadros e diversos setores de atividade e associações de jovens criadas espontaneamente nas cinco comunas de Conakry integraram a RPG, dando nascimento à aliança "Arco-Íris".