Agência Panafricana de Notícias

Governo consternado com morte de académico cabo-verdiano Arnaldo França

Praia, Cabo Verde (PANA) - O Governo de Cabo Verde manifestou, terça-feira, profunda consternação pela morte, aos 89 anos, do académico cabo-verdiano Arnaldo França, ocorrido na tarde do mesmo dia na cidade da Praia, apurou a PANA de fonte oficial.

Em comunicado, o Governo destacou Arnaldo França como “um homem generoso, um cabo-verdiano que amou, com talento, espelhado na sua obra, a forma de ser cabo-verdiana”, considerando a morte do “poeta, escritor e investigador maiúsculo das ilhas mais uma perda irreparável para o país e a Nação Cabo-verdiana".

"Arnaldo França deixa-nos um inestimável legado e, mais do que poeta e literário, ele foi, acima de tudo, um homem do e para o conhecimento e que, para além da obra pessoal, contribuiu para resgatar e valorizar os escritores mais antigos com um meritório trabalho de investigação de obras que em tempos foram dadas como perdidas. São exemplos disso, a organização de colectâneas antologias e resgate de verdadeiros tesouros literários como o Escravo de Evaristo de Almeida ou os escritos de Guilherme Dantas", destaca a nota do
Governo.

O Executivo cabo-verdiano realça ainda o "ensaísta de craveira” que foi Arnaldo França, autor de “numerosos ensaios literários, dos quais se destacam os dedicados à obra de António Aurélio Gonçalves, Guilherme Dantas e Jorge Barbosa".

"Como poeta, também participou, ainda enquanto estudante do Liceu Gil Eanes, na revista Certeza, e mais tarde, graduou-se em Ciências Políticas pela Universidade Técnica de Lisboa. Foi um exímio crítico e estudioso da literatura cabo-verdiana", afirmou o comunicado.

O Governo desta igualmente o "enorme contributo" deste intelectual para a valorização da língua cabo-verdiana, tendo ao longo da sua vida, traduzido para o “crioulo” alguns imortais da literatura de língua portuguesa como Camões e Fernando Pessoa.

Da sua obra fazem parte ainda várias colaborações com Félix Monteiro António Carreira e Jaime Figueiredo, ainda nas vésperas da independência, quando integrou o o Centro de Estudos de Cabo Verde. Ele animou ainda a Revista Raízes, um marco fundamental no pós-independência.

Arnaldo França foi também secretário de Estado do Ministro das Finanças nos Governos de Cabo Verde liderados pelo então primeiro-ministro Pedro Pires.

"Com a generosidade típica dos Grandes Homens, Arnaldo França deu um valioso contributo à educação e ao conhecimento, destacando-se igualmente como orientador de muitas teses e dissertações, fazendo da partilha do conhecimento um estilo de vida", lê-se no comunicado.

Para o Governo, "Arnaldo passa a fazer parte do panteão dos imortais filhos destas ilhas que soube amar como poucos".

Em 2010, por ocasião do 35.º aniversário da Independência Nacional, Arnaldo França foi condecorado pelo Presidente da República com a Medalha da Ordem do Dragoeiro de 1ª Classe, “em reconhecimento pela importante contribuição para a promoção e o desenvolvimento da cultura nacional”.

-0- PANA CS/TON 19agosto2015