Golpistas reúnem-se com classe política na Guiné Conakry
Conakry, Guiné (PANA) - O Comité Nacional para a Coligação e Desenvolvimento (CNRD), a junta militar no poder na Guiné desde domingo último, depois de destituír o Presidente Alpha Condé, reunir-se-á com a classe política em data ainda não precisada, soube a PANA de fonte bem informada na capital guineense.
Este encontro servirá de pretexto, explica a mesma fonte, para se lançar as bases e regras de uma consulta nacional sobre os desafios da transição que será instaurada depois do golpe de Estado ocorrido na madrugada de domingo último.
Elementos do Grupo das Forças Especiais (GFS), liderados pelo tenente-coronel Mamady Doumbouya, puseram termo, sem sobressaltos e de maneira surpreendente, ao terceiro mandato controverso encetado por Alpha Condé, em outubro passado, graças à mudança da Constituição de 2010, que lhe permitiu fazer dois mandatos sucessivos de cinco anos cada.
Diante dos ex-dignitários, convocados seguda-feira última para uma reunião de esclarecimento, o chefe da junta militar, nascido a 4 de março de 1980, frisou que não haverá perseguições, acrescentando, porém, que a justiça será a bússola para todos os cidadãos.
Disse aos seus interlocutores, incluindo presidentes das instituições e do Governo, que a sua saída para fora do território estará sujeita a uma autorização prévia, emitida pelos "novos mestres".
Os ex-dignitários foram obrigados a devolver viaturas de função e depositar títulos de viagem nos respetivas secretariados do seu local de trabalho.
Doumbouya também afirmou que a Guiné respeitará todos os contratos de mineiros compromissos internacionais.
À margem desta reunião, onde a ausência de qualquer ex-dignitário era considerada "uma rebelião" contra o CNRD, o ex-primeiro-ministro, Ibrahima Kassory Fofana, defendeu a causa do Presidente deposto, pedindo expressamente ao ex-legionário francês, escolhido por este último em 2015 para liderar o GFS, para não o humilhar.
Além disso, a Aliança Nacional para a Alternância Democrática (ANAD), liderada pelo ex-primeiro-ministro (sob o reinado do falecido Presidente Lansana Conté), Mamadou Cellou Dalein Diallo, disse ter tomado nota da declaração de tomada de poder pelo CNRD.
O ex-adversário de Condé, que o venceu três vezes (2010, 2015 e 2020), que falava pela primeira vez, desde a queda do reAva domjngo último, sublinhou que os motivos do derrube do regime Condé se confundem com as aspirações da ANAD que são a aproximação da nação, a reorganização do Estado, a luta contra a corrupção e impunidade.
“O CNRD pode contar com o apoio da ANAD no esforço de construção de uma democracia pacífica no nosso país”, diz o comunicado.
A ANAD exortou o CNRD a incluir, nas suas responsabilidades prioritárias, o estabelecimento de instituições legítimas capazes de instaurar reformas que possam conduzir rapidamente o país à reconciliação nacional e ao estabelecimento do Estado de Direito.
-0- PANA AC/JSG/MAR/DD 7setembro2021