Fundação Amílcar Cabral homenageia nacionalista Marcelino dos Santos
Praia, Cabo Verde (PANA) - A Fundação Amílcar Cabral (FAC), em Cabo Verde, vai homenagear quarta-feira o dirigente histórico da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e ex-presidente da Assembleia da República deste país (1986 e 1994), que morreu a 11 de fevereiro, aos 90 anos vítima de uma paragem cardíaca, indica um comunicado da instituição.
A FAC sublinha que, com este ato singelo, na pessoa do seu presidente e do coletivo dos seus membros, está a cumprir "um dever de memória para com este dileto filho de Moçambique, combatente incansável pela dignidade dos povos do continente, comprometendo-se a fazer perdurar o seu legado junto dos mais jovens”.
A Fundação liderada pelo antigo chefe de Estado cabo-verdiano, Pedro Pires, e que leva o nome da personalidade que dirigiu a luta de libertação nacional dos povos da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, recorda que Marcelino dos Santos pertenceu à “geração pioneira e visionária dos grandes patriotas africanos”.
Trata-se, segundo ainda a FAC, de patriotas africanos originários das antigas colónias de Portugal, entre os quais se destacavam as figuras épicas de Amílcar Cabral, Eduardo Mondlane, Agostinho Neto, Viriato Cruz, Lúcio Lara e Mário Pinto de Andrade.
“Juntos e, solidariamente, souberam forjar os caminhos difíceis do combate pertinaz, solidário e duro, que culminariam com a libertação e as independências dos seus países e povos, então, oprimidos e humilhados”, lê-se no comunicado.
Numa primeira reação ao falecimento do dirigente moçambicana, Pedro Pires recordou Marcelino dos Santos como um amigo e último representante de uma “geração que marcou a história” e que destacou num “momento diferente” na luta pela independência.
“Marcelino dos Santos pertence a uma geração de que faziam parte Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Eduardo Mondlane, Mário Pinto de Andrade, Viriato Cruz, Lúcio Lara, que foram, não diria os iniciadores, mas representaram um momento diferente na luta dos povos colonizados para a sua independência”, recordou o presidente da FAC.
Também o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), principal força da oposição no arquipélago, destacou Marcelino dos Santos como um "combatente exemplar" e lembrou que foi "companheiro de todas as horas" de Amílcar Cabral, Samora Machel, Agostinho Neto e Aristides Pereira.
Numa mensagem de pesar, a líder do maior partido da oposição cabo-verdiana, Janira Hopffer Almada, recordou que o fundador da Frelimo, Marcelino dos Santos, foi "um dos grandes ícones das lutas de libertação das antigas colónias portuguesas e dos povos africanos".
Para Janira Hopffer Almada, que também é vice-presidente da Internacional Socialista, família política a que pertencem o PAICV e a Frelimo, Marcelino dos Santos foi "um combatente exemplar nas várias frentes da luta.
"Ele distinguiu-se sempre, muito em particular nas relações diplomáticas, e ainda no contributo maior que dedicou à edificação do Estado de Moçambique no pós-independência", realçou.
Marcelino dos Santos morreu aos 90 anos, na sua em casa, em Maputo, vítima de uma paragem cardíaca, segundo o seu médico pessoal.
Natural de Lumbo, junto à ilha de Moçambique, na província de Nampula (Norte do país), fez parte com Samora Machel e Uria Simango do "triunvirato" que chefiou a Frelimo após a crise aberta com o assassínio de Eduardo Mondlane, em 1969.
Após a independência, exerceu, entre outros cargos, o de presidente da Assembleia da República de Moçambique (Parlamento), último lugar institucional que ocupou, apesar de ter continuado na vida política.
-0- PANA CS/IZ 17fev2020