França acusada de espionagem e atividades subversivas no Mali
Bamako, Mali (PANA) - O Governo maliano acusa o Exército francês de espionagem e atividades subversivas próximo de uma base recentemente transferida às Forças Armadas Malianas em Gossi, no nordeste do Mali, soube a PANA de fonte oficial.
Num comunicado lido terça-feira à noite na Televisão Nacional pelo porta-voz do Governo maliano, o coronel Abdoulaye Maiga,
"A subida exponencial das Forças Armadas Malianas (FAMA), motivo de orgulho do povo maliano, traduz-se em vitórias esmagadoras contra os nossos inimigos, bem como num controlo cada vez mais eficaz do território nacional e do espaço aéreo”, indicou um comunicado do Governo maliano.
Para o efeito, desde o início desta operação designada Keletigui, uma zona de proibição temporária foi definida numa parte do território nacional com vista a garantir a segurança do espaço aéreo e proteger corredores de evolução das aeronaves autorizadas, lê-se na nota lida pelo porta-voz do Governo maliano, o coronel Abdoulaye Maiga.
A zona em apreço visa igualmente garantir a liberdade de ações das FAMAs em operações, prosseguiu.
Qualquer sobrevoo do espaço aéreo maliano carece de uma autorização expressa dada pela Força Aérea do Mali, explica o comunicado.
"O Governo da República do Mali constatou, desde o início deste ano, mais de 50 casos deliberados de violação do espaço aéreo maliano por aeronaves estrangeiras, nomeadamente por forças francesas sob diferentes formas, das quais a recusa de obedecer às instruções do serviço de controlo aéreo, a falsificação de documentos do voo, aterragens de helicópteros em localidades sem aeródromo, e sem autorização prévia, denunciou o documento.
Também mencionou voos de avião dos serviços de inteligência e de drones em alta altitude que fazem atividades consideradas como espionagem, intimidação ou subversão.
De acordo com o coronel Maiga, um dos casos mais recentes foi a presença ilegal de um drone das forças francesas, a 20 de abril de 2022, acima da base de Gossi, cujo controlo foi transferido às FAMAs, a 19 de abril de 2022.
"Este drone esteve presente, a partir das 11 horas 45 minutos para espionar as nossas corajosas FAMAs”, denunciou.
Além da espionagem, as forças francesas cometeram atos de subversão ao publicarem imagens falsas inteiras a fim de acusarem as FAMAs de ser os autores de massacres de civis com o fito de manchar a imagem das mesmas comprometidas com a libertação do território, a proteção e salvaguarda das populações afetadas por uma longa crise, de acordo com o mesmo documento.
Também, a 21 de abril de 2022, uma patrulha de Mirage 2000 sobrevoou várias vezes, sem coordenação prévia, uma caravana das FAMAs qui ia reforçar um dispositivo em Gossi, segundo a mesma fonte.
“Esta manobra inscreve-se numa dinâmica de intimidação das forças armadas malianas, segundo a mesma fonte.
"Face a esta enésima provocação das forças francesas, obrigadas a retirar-se do território maliano sem delongas, desde 18 de fevereiro de 2022, o Governo da República do Mali, que tem como testemunha a opinião nacional e internacional, condenou com firmeza esta atitude das autoridades francesas, instando-as de novo a respeitarem a soberania do Mali”, indicou o comunicado.
O Governo maliano reafirmou a sua vontade de promover e manter a cooperação com todos os Estados do mundo no respeito mútuo e com base no princípio de não ingerência, em conformidade com as aspirações do povo maliano, concluiu o coronel Maiga.
-0- PANA GT/JSG/FK/DD 27abril2022