Agência Panafricana de Notícias

Fórum denuncia falta de dados em investimentos fundiários em África

Addis Abeba, Etiópia (PANA) - Joan Kagwanja da "Land Policy Initiative" lamentou a ausência de dados relativos aos investimentos fundiários à grande escala, durante uma intervenção no quadro do oitavo Fórum para o Desenvolvimento de África, iniciado segunda-feira em Addis Abeba, na Etiópia.

Intervindo durante uma mesa redonda sobre o tema "Gerir os riscos e as oportunidades dos investimentos fundiários à grande escala", Kagwanja disse existirem "poucos dados relativos aos investimentos fundiários à grande escala, com a maioria das pessoas a perguntarem-se se temos terras suficientes em África".

"África possui numerosos recursos fundiários. Todavia, se temos de falar de investimentos, é preciso reconhecer que não temos estatísticas. África e América latina possuem as maiores superfícies ainda não exploradas. No entanto, muitas pessoas continuam a interrogar-se se possuimos terras em África", ressaltou.

Não há terras que não sejam reclamadas por alguém e a maioria das terras é regida por um direito tradicional e muito pouco regidas pelos códigos fundiários", sublinha.

Segundo os documentos básicos do fórum, "existem ainda muito poucos dados fiáveis sobre terras não cultivadas disponíveis para novas formas de investimentos à grande escala em África".

As imagens de satélite fornecidas pela avaliação agroecológica mundial para a agricultura no século XX, realizada em 1996, sobre a disponibilidade de terras adaptadas à produção agrícola, indica que cerca de 80 porcento das terras agrícolas disponíveis no mundo encontram-se em África e na América do Sul.

Segundo uma análise mais recente, África possui cerca de 61 porcento dos 440 biliões de hectares de terras cultiváveis não exploradas que não sejam de floresta nem protegidas e cuja densidades demográfica seja baixa (menos de 25 pessoas por quilometro quadrado).

Dos 10 países que detêm um terço destas terras cultiváveis, seis são Africanos, designadamente Madagáscar, Moçambique, República Democrática do Congo, Sudão, Tchad e Zâmbia.

Os Governos africanos que procuram reforçar o crescimento económico, aumentar o emprego e os rendimentos e reduzir a pobreza estão bem conscientes do interesse que existe por cultivar estas terras, sublinham os peritos.

-0- PANA IT/TBM/IBA/CJB/IZ 25out2012