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Fitch prevê recessão de 14% em Cabo Verde devido à Covid-19

 

Praia, Cabo Verde (PANA) - A agência de notação financeira Fitch desceu o rating de Cabo Verde para B-, com Perspectiva de Evolução Estável da economia, prevendo uma recessão de 14 por cento este ano, devido aos efeitos da Covid-19 (coronavírus) no setor do turismo, a principal atividade económica do país, apurou a PANA, terça-feira, de fonte segura.

Na análise pormenorizada sobre a descida do arquipélago cabo-verdiano no rating, Fitch diz recear que a economia de Cabo Verde seja severamente afetada pela pandemia do novo coronavírus devido à preponderância do seu setor do turismo.

Neste sentido, a agencia de notificação financeira prevê uma recuperação lenta do setor depois da pandemia por causa do impacto na aviação e nos padrões do turismo, “o que originará uma profunda recessão em Cabo Verde neste ano, antes de uma recuperação em 2021”, lê-se neste documento.

A Fitch prevê também que a dívida pública de Cabo Verde “subirá fortemente, este ano, para 154 por cento do PIB (Produto Interno Bruto) devido ao impacto da pandemia na economia, nas receitas fiscais e no financiamento das respostas do Governo à pandemia”.

“O rácio mais elevado da dívida vai resultar no aumento dos custos de servir a dívida com o passar do tempo e vai gerar riscos de refinanciamento”, dizem analistas da Fitch, alertando que, se este financiamento ficar indisponível, o Governo pode responder cortando na despesa, o que seria negativo para o crescimento e o desenvolvimento a curto prazo.

A agencia de notificação financeira, que, até à pandemia de Covid-19, tinha constatado que o rácio entre a dívida pública e o PIB de Cabo Verde, o maior entre os países por ela analisados, caiu pelo terceiro ano consecutivo para 122 por cento em 2019, depois de ter atingido o pico de 128 por cento em 2016.

Este facto levou a Fitch a melhorar, em dezembro último, a Perspectiva de Evolução da economia cabo-verdiana, “mas esta trajetória de descida para menos de 100 por cento em 2025 já não parece sustentável a curto prazo.”

Neste relatório do final do ano passado, a Fitch, fazendo uma comparação com outros países, assinalava que Cabo Verde "está com um crescimento económico acima da média regional, da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), e, ao nível mundial, segundo dados GDP (Produto Interno Bruto, sigla em inglês) – FMI (Fundo Monetário Internacional) – 5.1 (2018) – 5.0 (2019) – 5.0 (2020).

A agência previa também que o potencial de crescimento de médio prazo para Cabo Verde teria aumentado para 5,0 por cento, contra a sua previsão anterior de 4,7 por cento.

Nesta nova avaliação, esta agência de notificação financeira norte-americana aponta que a degradação das condições económicas, acentuadas pelas medidas de isolamento social e pela supressão dos voos, fazem a Fitch prever que o défice das contas públicas de Cabo Verde se alargue para 10,2 por cento do PIB neste ano, quando estava nos 2 por cento no final do ano transato, e antever também uma forte quebra na economia.

“Uma forte contração na atividade económica é inevitável, já que o turismo representa 23 por cento da economia, por isso prevemos uma queda de 14 por cento no crescimento económico, num contexto em que a procura externa estanca e o consumo privado é constrangido pelas restrições à movimentação”, dizem analistas.

O turismo internacional deve recomeçar gradualmente apenas no terceiro trimestre do ano em curso, “já que mais de 80 por cento dos turistas são originários dos Estados Unidos e da Europa, regiões onde a pandemia é mais intensa.”

Contudo, para 2021, a Fitch Ratings prevê uma forte recuperação, antevendo um crescimento do PIB na ordem dos 8,5 por cento, que depois abrandará para uma média de cinco por cento nos anos seguintes, apoiado pela recuperação no turismo global e nos investimentos diretos estrangeiros nos setores da aviação e do turismo.

-0- PANA CS/DD 12maio2020