PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Filha de Amílcar Cabral indignada com tratamento dado ao memorial do pai em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) - A filha mais velha de Amílcar Cabral, a historiadora e investigadora Iva Cabral, manifestou a sua indignação face à intenção da Câmara Municipal da Praia (CMP) de instalar um mercado provisório no espaço circundante ao memorial construído em honra do pai na capital cabo-verdiana, apurou a PANA este sábado cidade da Praia.
Iva Cabral, que também no ano passado protestou publicamente contra o estado de abandono em que se encontrava o monumento erguido em 2000 para preservar a memória daquele que é considerado com o pai da nacionalidade cabo-verdiana, pede agora às autoridades a retirada da estátua de Amílcar Cabral do local.
Ela revela na sua conta Facebook que ouviu uma entrevista concedida à Televisão de Cabo Verde pelo ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa, sobre os festejos do 40º aniversário da Independência de Cabo Verde, na qual a transferência (provisória) do mercado do centro histórico da cidade da Praia para o local é abordada.
A historiadora considera “um desrespeito” que um memorial, considerado património de Cabo Verde, tenha que dividir o espaço com vendedores de verdura, carne, peixe e outros frescos, por decisão da CMP.
“Já tinha ouvido falar sobre a eventualidade desse ‘arranjo’ urbanístico, mas tinha decidido não entrar de novo na luta pela dignificação da estátua do meu pai, achando que já o tinha feito várias vezes e tinha a esperança (de) que vozes se levantassem para demonstrar o absurdo dessa combinação”, afirma.
Para a filha de Amílcar Cabral, “quando um político e homem de cultura diz que o problema da coabitação de um ‘Memorial’ com um mercado (…) é estritamente técnico, já que o dever do Instituto do Património Cultural é apenas preservar o monumento/património nacional, eu não posso concordar, não posso ficar calada!”.
Por isso, desafia Iva Cabral, “acho que seria mais digno, mais corajoso, que os decisores tivessem a coragem de retirar essa estátua que nada representa e só traz transtornos e embaraços a quem devia ter o dever de defender a memória histórica deste povo”.
Segundo ela, isso “seria mais digno para a figura de Cabral”, uma vez que “a existência de um memorial é uma escolha política”.
"Se os políticos cabo-verdianos não acham útil a existência de um lugar de memória, não defendem a sua dignificação, acham normal a coexistência no mesmo espaço de um Memorial (memória) e de um Mercado (comércio) deveriam tomar a única decisão que a meu ver é coerente: libertar a estátua, transforma-la de novo em nada, derreter o bronze”, rematou.
A decisão das autoridades municipais de transferir as vendedeiras do mercado da Praia para esse local, enquanto se procede à reabilitação da infraestrutura no centro da cidade, tem sido alvo de críticas e reparos por parte de muita gente.
Esses críticos consideram que a medida não dignifica um monumento que, no passado recente, foi alvo de atos de vandalismo, roubo e até danificação de alguns objetos históricos expostos no local.
O próprio ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa, posicionou-se contra a iniciativa da CMP, garantindo que medidas iriam ser tomadas, sendo uma delas a entrega de uma providência cautelar, junto do Tribunal da Praia, para impedir a transferência.
Essa ação de providência cautelar já mereceu críticas do presidente da CMP, Ulisses Correia e Silva, garantindo que as obras para a instalação do mercado provisório irão continuar.
O Memorial Amílcar Cabral e o espaço circundante, sito na Várzea, cidade da Praia, recebeu alguns retoques por altura das comemorações do 20 de janeiro do ano em curso, data em que se assinalou 42 anos da morte do herói nacional de Cabo Verde e da Guiné-Bissau.
A estátua de Amílcar Cabral foi limpa e retocada, assim como algumas obras de melhoramento em redor do espaço para dar maior dignidade ao local.
Isso aconteceu depois de, em junho de 2014, a imprensa denunciar que o monumento encontrava-se vandalizado e cheio de lixo, o que levou o Governo a intervir para impedir uma maior degradação do sítio histórico.
Nesta primeira fase, as intervenções incluíram o alargamento da plataforma circundante à estátua, a reparação e substituição de todas as peças do monumento e que se encontravam danificadas pelo tempo ou vandalizadas, para além da colocação de um sistema de iluminação, através de energia renovável.
Procedeu-se igualmente á reabilitação total do espaço por debaixo da estátua, incluindo a reabilitação e substituição da galeria de fotos e informações históricas sobre a luta pela Independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, contada através da vida de Amílcar Cabral.
Esse espaço foi transformado num verdadeiro minimuseu, incluindo ainda um ecrã onde deverão passar documentários e outros conteúdos sobre Amílcar Cabral e todo o processo que culminou no 5 de julho de 1975, dia da Independência nacional.
A ideia é garantir que o memorial em honra e legado daquele que foi o líder histórico do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) nunca mais chegue no estado de abandono e deterioração em que estava até se proceder a essas intervenções.
Para o efeito, o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, criou um núcleo de gestão do monumento para garantir a sua manutenção e gestão, tendo desde então a guarda do Memorial Amílcar Cabral ficado sob responsabilidade das Forças Armadas que mantém ali militares a tempo inteiro.
-0- PANA CS/IZ 13junho2015
Iva Cabral, que também no ano passado protestou publicamente contra o estado de abandono em que se encontrava o monumento erguido em 2000 para preservar a memória daquele que é considerado com o pai da nacionalidade cabo-verdiana, pede agora às autoridades a retirada da estátua de Amílcar Cabral do local.
Ela revela na sua conta Facebook que ouviu uma entrevista concedida à Televisão de Cabo Verde pelo ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa, sobre os festejos do 40º aniversário da Independência de Cabo Verde, na qual a transferência (provisória) do mercado do centro histórico da cidade da Praia para o local é abordada.
A historiadora considera “um desrespeito” que um memorial, considerado património de Cabo Verde, tenha que dividir o espaço com vendedores de verdura, carne, peixe e outros frescos, por decisão da CMP.
“Já tinha ouvido falar sobre a eventualidade desse ‘arranjo’ urbanístico, mas tinha decidido não entrar de novo na luta pela dignificação da estátua do meu pai, achando que já o tinha feito várias vezes e tinha a esperança (de) que vozes se levantassem para demonstrar o absurdo dessa combinação”, afirma.
Para a filha de Amílcar Cabral, “quando um político e homem de cultura diz que o problema da coabitação de um ‘Memorial’ com um mercado (…) é estritamente técnico, já que o dever do Instituto do Património Cultural é apenas preservar o monumento/património nacional, eu não posso concordar, não posso ficar calada!”.
Por isso, desafia Iva Cabral, “acho que seria mais digno, mais corajoso, que os decisores tivessem a coragem de retirar essa estátua que nada representa e só traz transtornos e embaraços a quem devia ter o dever de defender a memória histórica deste povo”.
Segundo ela, isso “seria mais digno para a figura de Cabral”, uma vez que “a existência de um memorial é uma escolha política”.
"Se os políticos cabo-verdianos não acham útil a existência de um lugar de memória, não defendem a sua dignificação, acham normal a coexistência no mesmo espaço de um Memorial (memória) e de um Mercado (comércio) deveriam tomar a única decisão que a meu ver é coerente: libertar a estátua, transforma-la de novo em nada, derreter o bronze”, rematou.
A decisão das autoridades municipais de transferir as vendedeiras do mercado da Praia para esse local, enquanto se procede à reabilitação da infraestrutura no centro da cidade, tem sido alvo de críticas e reparos por parte de muita gente.
Esses críticos consideram que a medida não dignifica um monumento que, no passado recente, foi alvo de atos de vandalismo, roubo e até danificação de alguns objetos históricos expostos no local.
O próprio ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa, posicionou-se contra a iniciativa da CMP, garantindo que medidas iriam ser tomadas, sendo uma delas a entrega de uma providência cautelar, junto do Tribunal da Praia, para impedir a transferência.
Essa ação de providência cautelar já mereceu críticas do presidente da CMP, Ulisses Correia e Silva, garantindo que as obras para a instalação do mercado provisório irão continuar.
O Memorial Amílcar Cabral e o espaço circundante, sito na Várzea, cidade da Praia, recebeu alguns retoques por altura das comemorações do 20 de janeiro do ano em curso, data em que se assinalou 42 anos da morte do herói nacional de Cabo Verde e da Guiné-Bissau.
A estátua de Amílcar Cabral foi limpa e retocada, assim como algumas obras de melhoramento em redor do espaço para dar maior dignidade ao local.
Isso aconteceu depois de, em junho de 2014, a imprensa denunciar que o monumento encontrava-se vandalizado e cheio de lixo, o que levou o Governo a intervir para impedir uma maior degradação do sítio histórico.
Nesta primeira fase, as intervenções incluíram o alargamento da plataforma circundante à estátua, a reparação e substituição de todas as peças do monumento e que se encontravam danificadas pelo tempo ou vandalizadas, para além da colocação de um sistema de iluminação, através de energia renovável.
Procedeu-se igualmente á reabilitação total do espaço por debaixo da estátua, incluindo a reabilitação e substituição da galeria de fotos e informações históricas sobre a luta pela Independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, contada através da vida de Amílcar Cabral.
Esse espaço foi transformado num verdadeiro minimuseu, incluindo ainda um ecrã onde deverão passar documentários e outros conteúdos sobre Amílcar Cabral e todo o processo que culminou no 5 de julho de 1975, dia da Independência nacional.
A ideia é garantir que o memorial em honra e legado daquele que foi o líder histórico do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) nunca mais chegue no estado de abandono e deterioração em que estava até se proceder a essas intervenções.
Para o efeito, o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, criou um núcleo de gestão do monumento para garantir a sua manutenção e gestão, tendo desde então a guarda do Memorial Amílcar Cabral ficado sob responsabilidade das Forças Armadas que mantém ali militares a tempo inteiro.
-0- PANA CS/IZ 13junho2015