Agência Panafricana de Notícias

Familiares de ex-chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau exigem justiça

Bissau- Guiné-Bissau (PANA) -- Os familiares e amigos do ex-chefe do Estado- Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, o general Veríssimo Correia Seabra, assassinado em 2004 no seu gabinete por um grupo de soldados revoltosos, exigem o Estado a cumprir com o seu dever de investigar e punir os autores deste crime, soube-se quinta-feira em Bissau de fonte segura.
Numa carta endereçada ao Procurador-Geral da República, Amine Saad, a 16 de Agosto corrente, a que a PANA teve acesso, os signatários dizem esperar que as autoridades nacionais façam um dia funcionar a justiça contra os assassinos do general Veríssimo Seabra.
Na missiva, os subscritores dizem-se indignados contra os detentores do poder público na altura do crime, acusando-os de não terem feito algo para aplicar a justiça.
A família Seabra considerou graves e suficientes para a abertura dum inquérito criminal contra o ex-Presidente da República, Kumba Yalá, as suas declarações durante uma conferência de imprensa na qual teria afirmado: "Eu disse ao Veríssimo Correia Seabra que, quando eu voltar a falar, ele não estará em vida".
Em relação à aprovação de uma amnistia aos acontecimentos ocorridos de 1980 a 2005, pela Assembleia Nacional Popular em 2007 e promulgada pelo falecido Presidente da República João Bernardo "Nino Vieira", os familiares de Veríssimo Seabra entendem que esta lei foi aprovada por deputados que na altura tinham os mandatos expirados, sendo a sua prorrogação considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal de Justiça.
"A amnistia deve servir os propósitos de pacificação social e não de provocar sentimentos de impunidade, de insegurança, de descrença ou a perda de confiança na justiça e no Estado», lê-se na carta de três páginas.
O general Veríssimo Correia Seabra, que precedeu ao general Tagme Na Waié na chefia do Estado-Maior das Forças Armadas, foi morto no seu gabinete por um grupo de jovens soldados que supostamente reclamavam pelo pagamento dos subsídios da sua participação na força da manutenção da paz das Nações Unidas na Libéria em 2003.