Família de jornalista detida em segredo no Níger continua sem notícias da mesma, diz RSF
Ouagadougou, Burkina Faso (PANA) - Próximos parentes duma jornalista nigeriana, detida secretamente por agentes de polícia no Níger, há três dias, dizem estar sempre sem notícias da sua ente querida, denunciou esta quarta-feira a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
RSF condena uma detenção secreta de Samira Sabou e apela ao regime no poder, silencioso até ao momento, para elucidar este assunto imediatamente.
Samira Sabou, jornalista independente e presidente da Associação dos Blogueiros para a Cidadania Ativa (ABCA), seguida por mais de 290.000 pessoas na sua página do Facebook, foi capturada na sua residência a 30 de agosto último por homens à paisana.
"Um dos raptores monstrou me a sua carta profissional de polícia, mas recusou-se a darmo seu noome", deu amconhecer Abdoulkader Nouhou Algachimi, o marido de Samira Sabou, quemesteve presente aquando a da detenção da mesma.
Um dia antes da sua captura, a blogueira tinha publicado, na sua página do Facebook designada "sem comentários", um "documento confidencial" no qual falou de umas "mexidas" no Exército, referentes a alguns oficiais militares, revelou o seu advogado, Ould Salem Said.
Partilhado entre círculos restritos das Forças de Defesa e Segurança, este segredo pode, num contexto político e militar muito tenso, ser considerado comprometedor para a segurança das suas tropas, segundo o jurista.
Interpelada por colegas da jornalista em causa, a Polícia judiciária nega ter a ver com o desaparecimento da mesma.
Da mesma maneira, o ministro da Comunicação, Coŕeios e Economia Digital, o porta-voz do Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), junta militar no poder desde julho último, não se dignaram responder às solicitações da RSF.
"A detenção, sem acusação formal, desta jornalista de renome por pesoas à paisana, que se apresentaram como membros das forças de polícia, é particularmente inquietante, dois meses depois do golpe de Estado (em Julho último, contra o então Presidente democraticamente eleito, Mohamed Bazoum). Pedimos ao regime no poder para se ocupar publicamente do assunto", alarmou-se o diretor do Escritório África Subsariano da RFS, Sadibou Marong.
A organização de defesa dos direitos dos jornalistas do mundo acha "inadmissível" que uma profissional da informação esteja tão privada de liberdade num silêncio ensurdecedor face aos seus próximos parentes e amigos.
"Pedimos instantemente a sua libertação", martelou.
A jornalista em apreço está sempre na mira das autoridades devido ao seu trabalho de informação.
A 3 de janeiro de 2022, sob a deputação do então Presidente Bazoum, ela foi condenada a um mês de prisão suspensa por ter difundido, em maio de 2021, um inquérito porudizido pela Iniciativa Mundial contra a Criminalidade transnacional organizada, entre outras acões contra si.
O Niger figura no 61.° lugar da Classificação Mundial da Liberdade da Imprensa publicada pela RSF em 2023.
-0- PANA TNDD/IS/SOC/DD 04outubro2023