FNDC apela a novas manifestações pacíficas na Guiné Conakry
Conacri, Guiné (PANA) - A Frente Nacional de Defesa da Constituição (FNDC), movimento de cidadãos guineenses, anunciou novas manifestações pacíficas, marcadas para 29 de Agosto e 4 de setembro próximo em todo território nacional, soube a PANA de fonte oficial.
Num comunicado, o movimento de cidadãos, recentemente dissolvido pelo Governo, garante que enviará cartas de informação às autoridades competentes, de acordo com a regulamentação em vigor na República da Guiné, para indicar o percurso das marchas e disposições práticas tomadas para o seu êxito.
Aliado circunstancial da junta, que libertou seus responsáveis presos pelo antigo regime, a FNDC arrumou um braço de ferro com o Comite Nacional da Coligação para o Desenvolvimento (CNRD), junta no poder desde a 5 de setembro de 2021, acusando-a de recusar o diálogo com atores políticos e de querer eternizar-se no poder após ter feito adotar um período de transição de 36 meses pelo Conselho Nacional de Transição (CNT).
Duas das suas recentes manifestações proibidas provocaram grandes incidentes, incluindo a morte de vários manifestantes a tiros, a destruição de bens públicos e privados.
Na sequência destes acontecimentos, o Governo deteve o coordenador da FNDC, Oumar Sylla "Foninke Mengue", e Ibrahima Diallo, diretor de Operações, durante cerca de três semanas, apesar de uma grande mobilização de protestos no país e no estrangeiro a favor dos mesmos.
Advogados franceses da FNDC anunciaram recentemente ter apresentado uma queixa ao Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia (Holanda) contra vários membros do CNRD, nomeadamente o Presidente da Transição, o coronel Mamadi Doumbouya, e o general Aboubacar Sidiki Diakité, ministro da Defesa, entre outros, acusados pelo movimento dos cidadãos de ter ordenado a repressão de manifestações que se pretendiam "pacíficas."
Criado em 2019 e constituida por atores da sociedade civil e líderes políticos, a FNDC organizou diversas manifestações para protestar contra a mudança da Constituição de 2020 que permitiu ao então Presidente da República, Alpha Condé, disputar um controverso terceiro mandato, após ter cumprido dois sucessivos de cinco anos cada à frente do país.
-0- PANA AC/IS/MAR/DD 21agosto2022