Agência Panafricana de Notícias

FMI recomenda contenção orçamental para enfrentar crise em Cabo verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou o Governo de Cabo Verde para tomar medidas de contenção orçamental nos próximos meses com vista a superar os efeitos da subida do preço das mercadorias no mercado internacional e da crise na Zona Euro, soube a PANA de fonte da instituição financeira.

A diretora adjunta do FMI, Nemat Shafik, alertou que “dadas as persistentes incertezas económicas globais, serão necessárias políticas de contenção nos próximos meses para salvaguardar a indexação da taxa de câmbio e criar amortecedores para choques”, indica uma nota divulgada após uma reunião do Conselho de Administração da instituição financeira em Washington que fez a segunda e última revisão do desempenho da economia cabo-verdiana ao abrigo do programa de apoio (PSI) ao arquipélago.

O FMI reconhece que as autoridades cabo-verdianas já restringiram as políticas macroeconómicas na segunda metade de 2011 perante a subida do preço das mercadorias, de cuja importação o país depende, e os efeitos da crise financeira na Zona Euro.

Nemat Shafik considera ser agora necessário reduzir o défice orçamental e a dívida externa a médio prazo para fortalecer a posição orçamental e apoiar o crescimento do setor privado cabo-verdiano.

O Governo, adianta Shafik, terá de aumentar as receitas domésticas, conter os gastos e agir “cautelosamente em relação às despesas de capital”, dependendo “tanto quanto possível” de financiamento a taxas concessionais.

Para o FMI, as recentes medidas do Banco Central cabo-verdiano e o aumento das exigências de capital para os bancos comerciais vão ajudar a conter a inflação e a aumentar as reservas de moeda estrangeira.

No entanto, a instituição alerta que as “crescentes vulnerabilidades do setor financeiro exigem uma melhoria da regulação e supervisão” bancária, sendo a recente criação de um comité de estabilidade financeira “um passo” na direção recomendada.

No ponto de situação feito ao PSI cabo-verdiano, aprovado em novembro de 2010 para uma duração de 15 meses, o FMI alerta ainda para o elevado desemprego que exige “reformas para estimular a competitividade, diversificar a economia e melhorar o funcionamento do mercado laboral”.

A nota do Fundo aponta para que ”progressos mais rápidos na reestruturação de empresas estatais também seriam importantes”.

As projeções feitas pelo FMI em abril do ano passado para Cabo Verde, cuja economia recuperou já em 2010 do forte abrandamento sofrido em 2009 em consequência da crise global, mostram uma forte aceleração em 2012, com um crescimento de 6,8 porcento, sendo a previsão para 2011 de 5,5 porcento, semelhante ao nível do ano anterior.

Por sua vez, as previsões do Banco Mundial para Cabo Verde, feitas em janeiro do ano em curso, apontam para uma aceleração do crescimento da economia, de 5,8 porcento em 2011 para 6,4 porcento este ano e 6,6 porcento em 2013.

-0- PANA CS/TON 31jan2012