FMI prevê crescimento de 5% da economia cabo-verdiana
Praia, Cabo Verde (PANA) – O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a economia de Cabo Verde deverá crescer, este ano, cinco por cento, mantendo-se no mesmo nível até 2024.
Na edição deste mês do seu World Economic Outlook, publicada terça-feira, o FMI anuncia uma inflação de 1,2 por cento para 2019, acelerando depois para 1,6 por cento, em 2020, e para 1,8 por cento, em 2024.
O relatório do FMI projeta que o crescimento da economia cabo-verdiana, este ano, ficará próximo do de outros países de rendimento médio africanos como o Gana (7,5%), a Cote d’Ivoire (7,5%) e o Senegal (6%), chegando mesmo a ultrapassar os da África do Sul (0,7%), dos Camarões (4%) e da Zâmbia (2%).
No entanto, esta previsão do FMI fica aquém da meta proposta pelo Governo na proposta de Orçamento do Estado para 2020, em preparação, e que prevê um crescimento económico de até seis por cento e um défice orçamental inferior a três por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, o documento em preparação prevê ainda uma inflação abaixo dos dois por cento, em 2020, e a redução da dívida pública em percentagem do PIB.
O crescimento económico deverá rondar os cinco a seis por cento do PIB, face a 2019, acrescentou.
Segundo dados das Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Nacional de Estatística (INE) cabo-verdiano, divulgadas em 30 de setembro passado, a economia cabo-verdiana cresceu 6,2 por cento, no segundo trimestre deste ano, superior ao registado no primeiro trimestre do ano, que foi então de 5,2 por cento, em ambos casos em termos homólogos.
Estes números traduzem-se num crescimento económico médio nos dois primeiros trimestres de 5,7 por cento, contra os cinco por cento registados, em 2018, segundo os dados do INE.
No final de julho deste ano, o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, afirmou que a perspetiva mais realista do Governo para este ano aponta para um crescimento económico de cerca de seis por cento do PIB, ainda assim longe da meta assumida anteriormente, de sete por cento ao ano.
"O crescimento de sete por cento não é uma obsessão, é uma meta justificada porque precisamos de atingir esse valor de uma forma continuada para podermos duplicar, numa década, o rendimento 'per capita' dos Cabo-Verdianos", disse Ulisses Correia e Silva.
O relatório 'World Economic Outlook' prevê, para o conjunto da região da África Subsariana, um crescimento de 3,2 por cento, neste ano, e de 3,6 por cento, em 2020, "o que é ligeiramente mais baixo, em ambos os anos, do que o previsto no relatório de abril".
O documento não se debruça em pormenor sobre as economias africanas, oferecendo antes uma visão mais global da economia mundial.
A análise detalhada à África Subsariana será lançada ainda esta semana, no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, que decorrem em Washington.
No entanto, numa perspetiva mundial, o FMI alerta para o abrandamento do crescimento económico.
"A economia mundial está numa desaceleração sincronizada, com crescimento para 2019 a diminuir novamente. Três por cento é o mais lento ritmo desde a crise financeira global", avisa o Fundo, reforçando que esta "é uma queda séria de 3,8 por cento, em 2017, quando o Mundo estava em uma recuperação sincronizada".
Para ele, este crescimento moderado é uma consequência do aumento das barreiras no comércio, da incerteza elevada em torno do comércio e geopolítica, fatores idiossincráticos que causam tensão macroeconómica em várias economias de mercado emergentes e fatores estruturais, como baixo crescimento da produtividade e envelhecimento demográfico em economias avançadas.
"Prevê-se que o crescimento mundial, em 2020, melhore modestamente para 3,4 por cento, uma revisão em baixa de 0,2 por cento de nossas projeções para abril", acrescenta o FMI.
-0- PANA CS/IZ 16out2019