FMI aponta recessão de 14 por cento em Cabo Verde devido à covid-19
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou, sexta-feira, que a economia de Cabo Verde sofreu uma recessão de 14 por cento em 2020, em linha com a previsão governamental, devido à pandemia da covid-19, apurou a PANA de fonte segura.
No entanto, em comunicado divulgado no final da terceira e última avaliação de Cabo Verde ao programa de assistência técnica PCI (Instrumento de Coordenação de Políticas, na sigla em inglês), iniciado em 15 de julho de 2019, o FMI assinala que espera um crescimento de 5,8 por çento do Produto Interno Bruto (PIB) cabo-verdiano este ano.
A missão do FMI, que visa apoiar as reformas em curso no Estado, nomeadamente ao nível do sistema fiscal e de privatizações, considera a sua implementação como "satisfatória", apesar dos efeitos da pandemia.
"Apoiou os objetivos de médio prazo das autoridades para a sustentabilidade fiscal e da dívida, e para reformas mais amplas de reforço do crescimento no âmbito do seu Plano Estratégico para o Desenvolvimento Sustentável (PEDS)", refere-se.
Afirmou que as políticas e reformas dos últimos anos, até ao início da pandemia, ajudaram a gerar maior crescimento, manter a inflação baixa, melhorar as posições fiscais e externas e colocar a relação dívida pública/PIB em uma tendência decrescente.
A instituição reconhece ainda que a economia cabo-verdiana "foi duramente atingida pela pandemia", estimando uma recessão de 14 por cento contra a previsão anterior de 6,8 por cento em 2020, "devido à desaceleração económica global, a restrições de viagens e a medidas de contenção doméstica que reduziram significativamente as atividades nos principais setores da economia.
"As medidas de política e proteção social tomadas pelas autoridades estão a apoiar a economia e ajudar grupos mais vulneráveis a enfrentarem o impacto da pandemia", reconheceu o FMI, que prevê ainda um crescimento económico de 5,8 por çento do PIB, contra a previsão anterior de 4,5 por cento este ano, e anualmente acima de seis por cento a partir de 2022.
Ainda assim, com a retoma da procura turística pelo arquipélago, setor que garante 25 por cento do PIB anual de Cabo Verde, mais lenta do que o esperado inicialmente, devido a novas vagas da pandemia na Europa, o FMi admite "efeitos persistentes" na economia cabo-verdiana em 2021.
"Portanto, enfrentar a crise sanitária continuará a ser uma prioridade, enquanto as ações de política também visarão apoiar a recuperação projetada. A execução do orçamento de 2021 procurará encontrar um equilíbrio entre a acomodação das necessidades urgentes de saúde e o desenvolvimento e o apoio à sustentabilidade da dívida a médio prazo, visto que Cabo Verde permanece em alto risco de sobre-endividamento", alerta o relatório do FMI.
De acordo com a instituição financeira, as perspetivas económicas para Cabo Verde "continuam desafiadoras e incertas" e, apesar da retoma do crescimento económico projetado para a partir deste ano, "existem riscos significativos", sobretudo face à evolução da pandemia e suas ramificações globais.
-0– PANA CS/DD 27mar2021