Exige-se "inquérito rigoroso" sobre morte de adolescente na ilha do Fogo, em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, pediu, segunda-feira, a realização de um "inquérito rigoroso" às circunstancias em que ocorreu a evacuação médica de um adolescente de 14 anos de idade, falecido entre as ilhas da Brava e do Fogo, apurou a PANA de fonte segura.
O adolescente foi evacuado da ilha da Brava para a do Fogo, tendo acabou por morrer quando chegou ao Hospital Regional Francisco de Assis, na cidade de São Filipe, segundo a mesma fonte.
Numa mensagem publicada na sua conta oficial do Facebook, após várias críticas, nos últimos dias, sobretudo nas redes sociais, à alegada falta de condições em que o rapaz foi transportado, José Maria Neves refere ter falado segunda-feira, por telefone, com o pai do mesmo para ouvir a sua versão dos factos e saber da indignação dos habitantes da ilha da Brava.
Na sua mensagem, o chefe do Estado afirma ainda que devem ser tomadas medidas urgentes para se criar um verdadeiro sistema de evacuação médica no país.
"De modo a serem prevenidas situações do género, desgaste do sistema de saúde e descontentamento pelo nível de atendimento e de serviços prestados nos hospitais e centros de saúde", acrescentou.
José Maria Neves admite ainda que "já há condições técnicas e humanas no país para prestar serviços finais aos utentes de melhor qualidade."
Mas é necessária que haja "mais sofisticação na organização dos trabalhos, muito mais eficiência na execução e mais efetividade nos resultados", prosseguiu.
A seu ver, deve-se auditar o atendimento em todo o sistema nacional de saúde.
Tem havido muitas queixas, justas ou injustas, de pessoas que se consideram mal atendidas e/ou mal-tratadas nos serviços de saúde, lamentou.
Para o Presidente cabo-verdiano, é preciso tudo fazer para que as pessoas não percam confiança nas instituições do país".
Entretanto, poucas horas depois de o Presidente da República ter defendido o apuramento de eventuais responsabilidades, o Governo cabo-verdiano ordenou a instauração de um "rigoroso inquérito" aos serviços médicos prestados e procedimentos de evacuação entre ilhas de um rapaz de 14 anos, que acabou por morrer, alegando "a gravidade das insinuações" envolvendo o caso.
Por sua vez, o primeiro-ministro frisou que o inquérito "deve ser iniciado de imediato" e que o respetivo relatório "deve ser apresentado ao primeiro-ministro até ao dia 31 de agosto."
De acordo com o Governo, a equipa que vai liderar este inquérito é constituída por uma médica, Iolanda Landim, do Hospital Agostinho Neto, na Praia, que coordena a mesma, e por uma outra, Hélida Djamila Fernandes, da mesma unidade hospitalar, e dela faz parte ainda Cilene Silva, gestora do Fundo de Segurança Marítima.
Num comunicado emitido em 04 de agosto, a direção do Hospital Regional Francisco de Assis, em São Filipe, refere que o adolescente, que ali se encontrava de férias, deu entrada no Centro de Saúde da Brava em 31 de julho e que estava há cinco dias "automedicado" por dor de garganta e febre.
"Tendo sido constatada a gravidade do quadro clínico pela equipa médica e realizados exames laboratoriais que revelaram presença de uma anemia grave, de imediato decidiu-se pela sua evacuação para o Hospital Regional São Francisco de Assis", lê-se no comunicado, que também garante que os procedimentos para evacuação "aconteceram com a máxima urgência."
"A Delegacia de Saúde da Brava tudo fez, com os meios que se encontravam disponíveis para a transferência ao hospital regional com a urgência que o caso requeria, tendo sido o paciente acompanhado por um médico e um enfermeiro", acrescenta.
O adolescente deu entrada no hospital da ilha do Fogo por volta da meia-noite do dia 01 de agosto, falecendo minutos depois.
Análises posteriores, feitas no hospital da Praia, concluíram por "um quadro de leucemia aguda, confirmando assim a hipótese de diagnóstico inicial de leucemia como causa de morte", segundo o mesmo comunicado.
-0- PANA CS/DD 09agosto2022