Agência Panafricana de Notícias

Exército nigeriano dá cifras contraditórias sobre massacre de Baga

Lagos, Nigéria (PANA) – O Exército nigeriano divulgou cifras contrastadas sobre o massacre na semana passada de 185 civis em Baga, no Estado de Borno (norte), durante confrontos entre as forças armadas e supostos membros da seita Boko Haram.

O brigadeiro Austin Edopakye, comandante da Força Militar Especial Conjunta (JTF), desdobrada no norte para combater os insurretos, declarou que 30 rebeldes morreram nos confrontos bem como seis civis e um soldado.

No entanto, o porta-voz das Forças de Defesa Nigerianas, brigadeiro Chris Olukolade, disse, por sua vez, à imprensa em Abuja, que o Exército matou 25 insurretos e que um soldado morreu nos confrontos.

Ele garantiu não dispor de todas as informações relativas às vítimas civis.

O Exército ainda não fez comentários sobre esta divergência, fonte de preocupações pela credibilidade das cifras divulgadas.

A imprensa local, que cita habitantes da aldeia de pescadores transfronteiriça, situada no Lago Tchad, deu conta de um balanço de 185 mortos.

A Presidência da República, que ordenou a abertura de um inquérito sobre este massacre, afirmou que o balanço de 185 mortos era «nitidamente exagerado ».

Estas mortes, devidas principalmente ao incêndio de duas mil casas da aldeia, suscitaram uma condenação generalizada da oposição, dos observadores e da comunidade internacional.

O Exército afirma que os insurretos provocaram o incêndio, que destruiu igualmente vários veículos, ao disparar com armas pesadas contra a JTF durante os confrontos.

A Boko Haram opera no norte essencialmente muçulmano desde 2009, data de lançamento da sua campanha de pavor após o assassinato do seu líder, Mohammed Yusuf.

A seita luta pela instauração de um Estado islâmico na Nigéria, atualmente um país laico.

Segundo o Exército nigeriano, mais de três mil pessoas já morreram até agora em ataques perpetrados pelos insurretos da Boko Haram.

O Governo deve instalar esta quarta-feira um comité encarregue de definir os contornos de uma amnistia a favor dos membros da seita que queiram renunciar à violência.

A seita rejeitou esta oferta de amnistia.

-0- PANA SEG/NFB/JSG/FK/IZ 24abril2013