Agência Panafricana de Notícias

Ex-chefe da Polícia queniana desafia procurador do TPI

Nairobi, Quénia (PANA) – O antigo chefe da Polícia queniana, Hussein Ali, lançou um processo contra o Tribunal Penal Internacional (TPI) para tentar dissipar as alegações do procurador Luis Moreno O'Campo segundo as quais ele foi incapaz de agir para conter os massacres durante o período pós-eleitoral.

Ali, que marcou a história tornando-se o primeiro oficial do Exército a dirigir a Polícia queniana considerada como uma força civil, acusou o procurador de ignorar provas que mostram que a Polícia agiu para salvar vidas.

O procurador acusou o major-general Hussein Ali de ter atuado como cúmplice na perpetração de crimes contra a humanidade no Quénia, particularmente em Naivasha e Nakuru, onde o Partido da Unidade Nacional (PNU), desejando manter o Presidente Mwai Kibaki no poder, organizou massacres e outros crimes.

O antigo chefe da Polícia sublinhou que os seus homens conseguiram salvar o Quénia « da anarquia absoluta » ao restaurar a paz civil no país em 2008.

O procurador acusou o chefe da Função Pública, Muthaura Francis, de ter ordenado ao major-general Hussein Ali a criação de uma zona de segurança a favor da seita proibida « Mungiki », com vista a levar a cabo ataques contra os civis de Naivasha e Nakuru, contra os apoiantes do partido político opositor.

O procurador do TPI declarou que os responsáveis do PNU reuniram-se para organizar uma vingança e partilharam-se o trabalho de modo que o papel de Ali consistia em fazer com que a Polícia seja inativa na altura dos crimes e libertar os suspeitos detidos pela Polícia após o caos.

Os crimes compreendiam tiros contra manifestantes, torturas e outros atos inumanos.

Grégoire Kahoe, advogado de Ali na fase preparatória do julgamento, declarou que o procurador não forneceu provas para demostrar que o antigo chefe da Polícia tinha realmente recebido a ordem de criar a zona de segurança que traduz a cumplicidade da Polícia de crimes contra a humanidade.

“A coisa mais difícil a aceitar é a rejeição das provas », declarou o advogado da defesa ao tribunal.

Durante os dias de audiência, as três pessoas acusadas no segundo processo de violência pós-eleitoral no Quénia não fizeram bastante para negar que o caos foi planificado, mas fizeram tudo para negar as provas para impedir a organização dum verdadeiro julgamento.

Os juízes do tribunal deverão emitir as suas decisões, se este caso queniano vai desembocar num julgamento daqui a finais de novembro ou em inícios de dezembro.

-0- PANA AO/BOS/LSA/TBM/SOC/MAR/TON 04out2011