Ex-Vice-Presidente sul-africano Kgalema Motlanthe condena invasão da Ucrânia pela Rússia
Cidade do Cabo, África do Sul (PANA) – O ex-Vice-Presidente sul-africano, Kgalema Motlanthe (2009-2014), condena a invasão russa da Ucrânia, contrariando significativamente a recusa sul-africana de condenar a Rússia por esta invasão ou o recente massacre de civis no subúrbio de Butcha, em Kiev, a capital ucraniana em Kiev, soube a PANA de fonte oficial.
Numa discussão online empreendida quarta-feira última pelo Think Tank Center for Development and Enterprise (Centro de Reflexão sobre o Desenvolvimento e Empresas), Motlanthe disse que havia ocasiões de agir para evitar a eventualidade da eclosão de uma guerra.
“Nós (África do Sul) somos um grande exemplo disso. Não há dúvidas de que houve ocasiões de evitar a eclosão da guerra (entre a Rússia e a Ucrânia)... Já que a guerra eclodiu, está-se numa situação sem saída para ambos os países. Os próprios Russos fazem face a uma guerra que não aprovaram", disse.
O ex-Vice-Presidente sul-africano do regime de Jacob Zuma (2009-2018) acrescentou que "nenhuma guerra resolve problemas e que a sua opinião sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia é que ela deve ser condenada.
Falando por sua vez, na semana passadoa sobre esta crise, o ex-Presidente sul-africano Thabo Mbeki (1999-2018) frisou que "a minha opinião é que devemos insistir nisso, quanto mais cedo estes dois países se unirem, melhor será."
“Estes dois países são dois vizinhos imediatos, e este conflito não é novo. Este conflito, não apenas a guerra atual, que impacto tem no continente e o que o continente deve fazer quanto a isto?”, inteŕrogou-se.
A posição de não envolvimento da África do Sul no conflito causou profundas divisões entre o Congresso Nacional Africano (ANC, partido no poder) e partidos da oposição, que criticam o Governo por se abster de votar, em Março último, nas Nações Unidas, contra a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Para John Steenhuisen, líder da Aliança Democrática, partido oficial da oposição, a expansão da Rússia em África é um sinal da "captura das elites."
“Quinze nações africanas estão atualmente envolvidas em acordos nucleares financiados pela Rússia, e muitas outras firmaram contratos de segurança com a Rússia. Quando se junta estes pontos, a imagem completa do apoio da ANC à Rússia começa a surgir”, disse.
De acordo com Steenhuisen, o ANC, que antes dependia da solidariedade global para acabar com o apartheid (o regime racial que imperava na África do Sul contra os negros), está hoje do lado do opressor.
“Todos os líderes mundiais com consciência moral condenaram-no e pediram que a Rússia renunciasse, exceto o (atual) Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa”, indignou-se.
-0- PANA CU/MA/NFB/JSG/MAR/DD 07abril2022