Ex-Presidente sul-africano em prisão
Cidade do Cabo, África do Sul (PANA) - Depois de muita resistência, o ex-Presidente sul-africano, Jacob Zuma, está de volta à prisão.
Quase 40 anos depois de o herói da libertação nacional ter compartilhado um bloco de celas na ilha Robben com Nelson Mandela, leuareado do Prémio Nobel da Paz, Jacob Zuma entregou-se à Polícia na noite de quarta-feira, poucos minutos antes de expirar o prazo estabelecido pelo Tribunal Constitucional para o efeito.
O ex-Presidente passou a sua primeira noite na prisão no centro correcional ESCourt, a poucos quilómetros de Nkandla, a sua luxuosa residência.
O Tribunal Constitucional tinha, na semana passada, condenado o ex-Presidente a 15 meses de prisão por ultraje e deu-lhe até domingo para se apresentar, ordenando a Polícia a prender Zuma à meia-noite de quarta-feira.
O ex-Presidente inicialmente recusou-se a cumprir a decisão do Tribunal, mas uma delegação policial de alto nível acabou persuadindo-o a obedecer.
Um grande cortejo de carros da Polícia convergiu para a sua casa, na quarta-feira, e helicópteros foram estacionados nas proximidades para eventual intervenção, no caso de seus apoiadores tentarem opor-se à sua detenção.
Na mesma noite, os advogados do ex-chefe de Estado pediram que o Tribunal Constitucional suspendesse a sua ordem de prisão, enquanto se aguarda o resultado do seu recurso para o Supremo Tribunal de Pietermaritzburg, na sexta-feira.
Numa carta de três páginas dirigida ao presidente interino do Supremo Tribunal, Raymond Zondo, o advogado Mongezi Ntanga pediu ao tribunal a suspensão da sua ordem de prisão até que o seu pedido de anulação da sentença fosse apreciado na segunda-feira.
“Existe o risco de lesar a vida do nosso cliente (Zuma) em caso de execução da sentença do Tribunal Superior que ordenou a sua colocação em prisão preventiva, pelo que solicitamos que o Tribunal Constitucional anule a sua decisão”, disse Ntanga.
O ex-Presidente gerou a indignação geral, em novembro passado, quando abandonou o tribunal sem a permissão do juiz Zondo, que investigava as acusações de captura do Estado durante os nove anos da Presidência de Zuma.
Zondo pediu ao Tribunal uma condenação de Zuma a dois anos de prisão, mas o ex-Presidente atacou duramente o Tribunal Constitucional e todo o sistema de justiça, alertando contra uma "ditadura judicial" que ameaça a estabilidade do país.
Uma das suas filhas, Dudu Zuma-Sambudla, escreveu na noite de quarta-feira que o seu pai estava "a caminho (para a prisão) e ainda está em bom estado de espírito". “Ele disse que esperava receber de volta o seu macacão Robben Island. Saudações papai!”, tuitou.
Zuma foi forçado a ceder o poder, em 2018, a Cyril Ramaphosa, depois de nove anos de gestão marcados por escândalos de corrupção. Ramaphosa ainda não comentou sobre os acontecimentos dramáticos em torno da prisão do seu antecessor.
-0- PANA CU/MA/NFB/JSG/SOC/MAR/IZ 09julho2021