Ex-Presidente guineense Dadis Camara comparece em Tribunal de seu país
Conakry, Guiné-Conakry (PANA) – O antigo líder da junta militar na Guiné-Conakry, o capitão Moussa Dadis Camara, comparecerá, quarta-feira no tribunal no quadro do julgamento relativo aos massacres prepetrados a 28 de setembro de 2009 no estádio do mesmo nome, onde vários milhares de simpatizantes e militantes de partidos políticos protestavam pacificamente ao apelar para a organização rápida das eleições.
Na época, o capitão Dadis foi o chefe de Estado desde a tomada do poder em dezembro de 2008, algumas horas após a morte na sequência de uma prolongada doença do General Lansana Conté.
Em exílio no Burkina Faso, há mais de uma década após a sua tentativa de assassinato, pelo seu ajudante de campo, o capitão Aboubacar Toumba Diakité, em prisão no Centro de Detenção após a sua extradição do Senegal, o antigo líder da junta, que sempre afirmou a sua inocência relativa aos massacres do estádio, pediu para dar a sua versão dos factos diante da justiça do seu país.
Ele regressou, assim, domingo, a Conkary onde uma dezena dos seus companheiros da época, igualmente inculpados, comparecerão em Tribunal cujo departamento de tutela organizou um seminário de atualização para mais de 60 magistrados e escrivães que deverão estatuir sobre o julgamento
Acusado de cumplicidade nos massacres de setembro de 2009, bem como uma dezena dos seus colaboradores, o antigo líder da junta reconstituiu recentemente a equipa do polo de advogados designado para a sua defesa.
Desde a sua aposentação em 2009 no Burkina Faso, Dadis Camara voltou apenas duas vezes ao seu país, nomeadamente sob o regime do Presidente Alpha Condé, destituído em setembro de 2021 pelo Comité Nacional da Mobilização para o Desenvolvimento (CNRD), dirigido pelo coronel Mamadi Doumbouya que lhe recebeu em dezembro último.
A Associação de Vítimas dos Acontecimentos de 28 de Setembro de 2009, as Nações Unidas e as organizações de defesa dos direitos humanos saudaram “a determinação” do atual poder que favoreceu a próxima organização do julgamento cujo custo ainda não foi determinado .
De acordo com as Nações Unidas, mas de 150 manifestantes foram mortos a tiros, enquanto uma centena de mulheres foi violada publicamente no recinto do Estádio de 28 de Setembro de uma capacidade 25.000 assentos, situado nos arredores da capital.
-0- PANA AC/JSG/FK 26set2022