Ex-Presidente gambiano acusado de execução de 50 emigrantes oeste-africanos
Banjul, Gâmbia (PANA) – Um oficial do Exército gambiano, o tenente Malick Jatta, admite ter participado na execução de 50 emigrantes da África Ocidental em 2005 por ordem do então chefe do Estado Yahya Jammeh.
Jatta, que terminava o seu depoimento terça-feira diante da Comissão Reconciliação, Reparação e Verdade (TRRC), declarou que trabalhava num "esquadrão da morte" sob as ordens de Yahya Jammeh.
A Polícia gambiana deteve, a 22 de julho de 2005, 50 a 56 estrangeiros em Barra, uma cidade da margem oposta ao rio Gâmbia. Entre estes migrantes estavam 44 Ganenses, 10 Nigerianos, dois ou três Ivoirienses, dois Senegaleses e um Togolês, segundo o tenente Jatta que declarou à TRRC ter participado no massacre destes emigrantes oeste-africanos.
"Dizia-se que se tratava de mercenários. Ouvi pessoas a gritarem no mato, invocando “Jesus, ajude-nos”, acrescentou o oficial, arrependendo-se de ter participado na matança.
Reconheceu igualmente ter ouvido disparos na floresta, mas do outro lado da fronteira gambiana, no território senegalês.
Afirmou ter visto um dos emigrantes fugir e esconder-se a cerca de 20 metros dele. “Não posso dizer que salvei este pessoa. Mas se quisesse matá-lo a 20 metros, não falharia o meu alvo”, indicou.
Jatta admitiu que houve um sobrevivente chamado Martin Kyere cujo depoimento implica ex-Presidente Jammeh na execução dos emigrantes supracitados.
Contudo, Jammeh sempre negou a sua implicação nas matanças em causa.
-0- PANA MSS/RA/ASA/BEH/SOC/MAR/DD 24julho2019