Ex-PM argelino advoga boa leitura da Constituição para fim de crise no país
Argel, Argélia (PANA) – O ex-primeiro-ministro argelino, Ahmed Benbitour (1999-2000), apelou quarta-feira a uma leitura inteligente da Constituição a fim de se encontrar uma solução política para a crise política prevalecente no país.
Numa entrevista à Agência Argelina de Notícias (APS), Benbitour indicou que “o respeito pela Constituição não permitirá livrar o país da crise”.
Frisou que a solução política deve passar pela mudança do regime e pela formação dum governo de transição, e pela determinação, ao mesmo tempo, da forma de organizar um escrutínio presidencial transparente.
Sublinhou a necessidade de escolher representantes competentes do movimento de protestos populares para encetarem negociações com representantes do poder instituído a fim de se chegar a uma mudança do regime.
Propôs que cada distrito do país seja representado por um representante do movimentos populares que, depois, se reunirão para escolherem três representantes que vão negociar em seus nomes.
Sobre a possibilidade de ser ele dirigir o período de transição, ele respondeu que “isso é uma responsabilidade histórica importante mas eu não posso bater nas portas do poder para entrar”.
“Eu darei o meu ponto de vista sobre a questão quando os manifestantes e o poder encontrarem um acordo sobre o período de transição”, acrescentou.
Por outro lado, o ex-primeiro-ministro advertiu os militares do risco de escalada da violência, se o poder persistir a ir avante com o seu roteiro.
Alertou que, se a atual situação se mantiver durante muito tempo, as reivindicações vão aumentar e as soluções vão ser difíceis de encontrar.
Afirmou que a abertura dos dossiês de corrupção pela justiça representa um passo positivo, mas, frisou, não bastam para erradicar a corrupção muito estruturada que necessita da mudança das instituições.
Sublinhou a necessidade de fazer a diferença entre o poder executivo e o judicial e a importância de se executarem decisões da justiça.
O ex-chefe do Governo argelino anunciou não se candidatar às eleições presidenciais de 4 de julho próximo, acrescentando que “não há meios para organizar o escrutínio”.
-0- PANA YY/IN/TBM/FK/DD 16maio2019