Agência Panafricana de Notícias

Etiópia aceita observadores estrangeiros nas eleições de 2010

Addis Abeba- Etiópia (PANA) -- O primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, indicou que a sua administração permitirá aos observadores internacionais deslocarem-se ao seu país para as eleições federais e regionais de Maio e Junho de 2010 este, apesar dos seus desacordos com Ana Gomes, chefe da missão de observação da União Europeia para as precedentes eleições em 2005.
Meles Zenawi anunciou aos jornalistas que os observadores poderão ser autorizados a deslocar-se à Etiópia quando se concentraram no processo do desenrolamento das eleições em vez dos resultados, no termo das suas observações.
Contudo, ele afirmou que os observadores iam ser objecto dum inquérito levado a cabo pela sua administração para evitar que pessoas "como Ana Gomes façam parte do lote".
Ana Gomes acusou o partido no poder, a Frente Democrática e Revolucionário do Povo Etiópe (EPRDF) dirigido por Meles, de ter falsificado as eleições de 2005.
O período que se seguiu às eleições foi marcado por uma violência depois dos protestos efectuados por um grupo de partidos da oposição reunidos sob a tutela da Coligação para a Unidade e Democracia (CUD) que desafiou rudemente o EPRDF.
A CUD venceu 137 assentos dos 138 do conselho municipal de Addis Abeba, mas não conseguiu tomar o poder mas não beneficiou dum número significativo de assentos no Parlamento Federal.
Cerca de 200 pessoas foram mortas pelas forças de segurança enquanto milhares de pessoas, incluindo líderes, membros e adeptos da CUD bem como jornalistas, foram detidos durante confrontos entre o EPRDF e a CUD que duraram mais de dois meses.
O Governo indicou que se não tomasse tais medidas, o país estaria no caos e teria igualmente registado uma "limpeza étnica.
" Polícias anti-motins foram matados por manifestantes que o Governo qualificou de "vândalos".
O Governo de Meles acusou Gomes de apoiar a CUD devido a laços pessoais que o ligavam aos seus líderes e de ter incitado a população a inverter os resultados das eleições como se passou com o modelo georgiano da revolução Laranja.
Analistas pensam que os incidentes de 2005 afectaram muito a imagem de Meles Zenawi, então considarado como um líder progressita africano.
Ele afirmou que a sua administração está determinada a tornar as eleições de 2010 pacíficas e democráticas, embora um relatório do grupo internacional de crise indique o contrário.
A tese desenvolvida no relatório de 45 páginas intitulado "Etiópia: o Federalismo Étnica e as suas Consequências Lamentáveis", publicado a 4 de Setembro último é que a coligação no poder deve melhorar a governação ou arrisca-se a ver-se confrontada com conflitos étnicos durante as eleições.
Ele indica igualmente que o conflito poderá desestabilizar todo o Corno de África.
Interrogado sobre a sua opinião sobre o relatório, Meles, zangado, afirmou que o valor do relatório é o mesmo que o do papel em que é imprimido.
Incitado pelos jornalistas a rejeitar argumentos do GIC, ele afirmou que "só se dá resposta apropriada quando se reconhece e se respeita uma instituição", acrescentando: "desprezamos o GIC".
O relatório do GIC indicou que o sistema administrativo federal étnico que o EPRDF adoptou há 14 anos é responsável pelo conflito passado e pretende igualmente que o sistema aumentou a polarização étnica na Etiópia.
Além disso, opositores criticaram o sistema qualificando-o de "método que permite dividir para melhor reinar", instaurado pelo EPRDF fazendo com que ele não seja constestado.
A única coisa que o federalismo do EPRDF fez com sucesso é o facto de ter ajudado o partido a dirigir o povo com uma mão de ferro, através do "sistema de dividir para melhor reinar", afirmou Merera Gudina, co-presidente do partido da oposição da etnia Oromo, o Congresso Federalista Oromo e professor de Ciências Políticas e Relações Internacionais na Universidade de Addis Abeba.