Agência Panafricana de Notícias

Estudo revela aumento de perceção da corrupção em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - A perceção da corrupção por parte dos cidadãos em Cabo Verde aumentou quando comparado com o último inquérito levado a cabo em 2013, segundo um estudo da Afrosondagem divulgado esta quarta-feira na capital cabo-verdiana.

Embora o estudo tenha confirmado que a perceção da corrupção em Cabo Verde continue a ser “baixa”, ele assinala que este fenómeno tem vindo a crescer e perpassa todos os setores, com realce para a polícia que é considerada a instituição mais corrupta do país, com 19%, contra 9% dos juízes e magistrados, apontados como os menos corruptos.

Segundo o estudo, os níveis de corrupção no arquipélago têm-se alastrado não só entre as instituições eleitas como entre as não eleitas, o que leva a concluir que nenhuma delas está imune a esta percepção cada vez mais alvo de crítica por parte da população.

Os dados apurados pela Afrosondagem revelam que cerca de um terço dos cabo-verdianos se dizem “impotentes” na luta contra a corrupção, ao afirmarem que as pessoas comuns como elas não podem fazer diferença nesta luta.

“Uma proporção considerável dos cabo-verdianos (34%) não se sente em condições ou habilitada para combater a corrupção. Entretanto, mais de metade (55%) afirmam que podem fazer diferença na luta contra a corrupção”, refere o estudo.

Entre as instituições apontadas estão os eleitos locais (presidentes da câmaras municipais e vereadores) e o gabinete do primeiro-ministro, que obtiveram as avaliações mais negativas, em termos de corrupção com os inquiridos a considerarem que a maioria ou todos estão envolvidos em atos de corrupção.

A Afrosondagem revela ainda que é “preocupante ainda é o facto de ter aumentado a proporção dos cidadãos que consideram a mídia como sendo pouco eficaz em revelar os erros do Governo e a corrupção, ao mesmo tempo em que diminui a proporção dos que acreditam que ela é razoavelmente ou muito eficaz”.

“A mídia em Cabo Verde tem vindo a enfraquecer na denúncia dos atos de corrupção, com 34% a afirmar que é pouco eficaz contra apenas 15% que corrobora a ideia de que ela tem sido eficaz no desempenho deste papel”, aponta o estudo.

A Afrosondagem, ramo cabo-verdiano do Afrobarómetro, instituição criada em 1992 para avaliar a qualidade da democracia em África, faz questão de ressalvar que, em matéria de corrupção, a situação em Cabo Verde está longe de ser endémica, como é recorrente em vários países africanos.

Contudo, o estudo alerta que se afigura importante reforçar os mecanismos de controlo e de prevenção dessa prática no arquipélago.

O inquérito foi realizado entre 22 de novembro e 05 de dezembro de 2014, tendo sido entrevistados 1.200 pessoas nas ilhas de Santiago, do Fogo, de São Vicente e de Santo Antão. A margem de erro é de cerca de 3% e um nível de confiança de 95%.

-0- PANA CS/TON 09setembro2015