Agência Panafricana de Notícias

Estudantes cabo-verdianos sem bolsa devido a sanções contra Rússia, diz Governo

 

Praia, Cabo Verde (PANA) – Dezenas de estudantes cabo-verdianos na Rússia estão em dificuldades face a atrasos parea receberem bolsas de estudo, devido às sanções internacionais aplicadas contra aquele país, confirmou neste fim de semana o Governo cabo-verdiano.

Em conferência de imprensa, na cidade da Praia, o ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros, Rui Figueiredo Soares, anunciou que o Governo criou uma comissão interministerial para tentar encontrar alternativas a fim de minimizar a situação desses estudantes que não têm recebido bolsas de forma regular.

Têm recebido com alguma dificuldade devido às sanções impostas à Federação Russa, queixando-se de algumas dificuldades, segundo o chefe da diplomacia cabo-verdiana.

"Nós estamos a tentar resolver e ver qual é o caminho mais fácil para ultrapassar as dificuldades", disse o governante.

De acordo com Rui Figueiredo, estão identificados pelo menos 50 estudantes cabo-verdianos na Rússia com bolsa de estudo atribuída por Cabo Verde ou com ajuda garantida pela Fundação Cabo-verdiana de Ação Social e Escolar (Ficase).

"Temos um número significativo de estudantes na Federação Russa, com os quais estamos em contacto permanente para podermos ajudar a responder às solicitações e necessidades que eles têm. O Ministério da Educação e a fundação Ficase estão a ver por que mecanismo mais fácil se pode chegar ao envio das bolsas aos estudantes", revelou.

As dificuldades nas transações externas por bancos correspondentes na Rússia já tinham sido identificadas num relatório divulgado em junho último pelo Banco de Cabo Verde (BCV), nomeadamente a "restrição na execução de ordens de pagamentos na sequência da sanção imposta pela Swift a um conjunto selecionado de bancos russos, e que determinou o bloqueio de execução de transações com estas instituições."

"Trimestralmente, o BCV executa uma ordem de pagamento a favor do Tesouro, para a embaixada de Angola na Rússia, para o efeito de pagamento de bolsas de estudos a estudantes cabo-verdianos residentes no país. Tendo em conta que, de momento, o banco do beneficiário, VTB, encontra-se na lista dos bancos sancionados, o BCV encontra-se impossibilitado de executar tais ordens de pagamento, mediante as coordenadas bancárias que o banco dispõe no sistema", lê-se no relatório do banco central.

A situação já foi reportada ao Tesouro, no sentido de se alertar para a averiguação de eventuais alternativas que possam dar resposta, tendo o BCV sugerido o contacto com a embaixada de Angola no sentido de indagar sobre a existência de outras contas em bancos correspondentes que não estejam sancionados, de acordo com o mesk o documento.

Sobre a criação desta comissão interministerial em concreto, Rui Figueiredo Soares explicou que a mesma se destina, essencialmente, a dar resposta à situação dos cabo-verdianos que se encontrem nas zonas de conflito na Europa, devido à guerra na Ucrânia.

"Temos vários estudantes, temos alguns cabo-verdianos que residem e podemos ter também cabo-verdianos que passem por essas regiões. O Governo está a constituir a comissão interministerial para dar resposta, em termos de proteção consular, aos nossos cidadãos (...) Destina-se essencialmente a permitir, relativamente aos estudantes e às condições de existência deles, que essas condições sejam garantidas, como por exemplo o envio das bolsas e ajudas que os familiares possam querer enviar", sublinhou.

A comissão funcionará ainda como "ponto focal" para os familiares obterem informações, dar ajudas necessárias e possivelmente organizarem o repatriamento daqueles que queiram voltar ao país devido à situação de instabilidade que se vive nessa região.

-0- PANA CS/DD 08out2022