Estados Unidos prometem ajudar Angola a recuperar dinheiro desviado
Luanda, Angola (PANA) – O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, reafirmou segunda-feira, em Luanda, o apoio dos Estados Unidos aos esforços de Angola no combate à corrupção e na recuperação dos fundos retirados ilegalmente do país.
“Queremos ajudar a responsabilizar os que desviaram o dinheiro de Angola, como fazemos com outros países”, declarou o chefe da diplomacia americana, numa conferência de imprensa, em Luanda, no quadro da sua visita oficial de 24 horas.
Considerou excelente o trabalho do Presidente (angolano) João Lourenço de transformar a corrupção num "fantasma do passado", aumentar a transparência, ajudar as instituições financeiras a organizar a sua contabilidade e a perseguir os prevaricadores.
O governante norte-americano acredita que se as reformas propostas forem implementadas com fidelidade, para além dos investimentos já anunciados, mais empresas americanas investirão em Angola, em prol do crescimento económico, na criação da riqueza e de empregos no país.
Durante a conferência de imprensa, no Ministério das Relações Exteriores, Mike Pompeo comprometeu-se a ajudar na divulgação do potencial de Angola e, desta forma, atrair mais empresas americanas, para apostarem na promoção e no desenvolvimento económico de Angola.
O secretário de Estado americano destacou, igualmente, a parceria no domínio da segurança, com às instituições democráticas, sociedade civil e igrejas.
Disse existirem "imensas oportunidades" de cooperação bilateral, pelo que manifestou o desejo americano de participar no processo de desenvolvimento e manutenção da paz e segurança, em Angola.
Desde a sua chegada ao poder em Angola em 2017, o Presidente João Lourenço lançou uma vasta campanha contra a corrupção, a impunidade e o nepotismo, que levou à adoção de uma lei de repatriamento coercivo de capitais e perda alargada de bens, destinada à recuperação de ativos no país e no estrangeiro.
A cruzada contra a corrupção permitiu igualmente levar a julgamento altas figuras do Governo do seu antecessor, José Eduardo dos Santos, e a apreensão de várias empresas e mais de mil imóveis construídos com dinheiros públicos mas detidos por entidades privadas, na capital do país, Luanda, e noutras cidades do interior.
Entre os primeiros visados está o antigo ministro dos Transportes, Augusto Tomás, que foi julgado e condenado a oito anos e quatro meses de prisão por crimes de peculato, violação das normas de execução do plano e orçamento e participação económica em negócios.
Segundo a acusação, Augusto Tomás teria, entre outros delitos, ilegalmente utilizado para benefício próprio o equivalente a vários milhares de milhões de dólares americanos da conta do Conselho Nacional de Carregadores (CNC), criando empresas privadas em seu nome pessoal com fundos públicos.
Atualmente, estão em julgamento, também por crimes ligados ao desvio de fundos públicos o antigo presidente do Conselho de Administração do Fundo Soberano de Angola e filho antigo chefe de Estado, José Filomeno dos Santos; e o antigo governador do Banco Central de Angola (BNA), Valter Filipe.
Ao mesmo tempo, está em curso uma investigação criminal contra a filha primogénita de José Eduardo dos Santos e antiga presidente do Conselho de Administração da petrolífera estatal Sonangol, Isabel dos Santos, cujas contas bancárias e outros activos económicos foram congelados em Angola e Portugal.
-0- PANA ANGOP/IZ 18fev2020