Estados Unidos doam $ 100.000 para combater insegurança alimentar em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) – O Governo dos Estados Unidos doará 100.000 dólares no quadro da assistência humanitária imediata a Cabo Verde para combater a insegurança alimentar que afeta mais de 46.000 pessoas, representando cerca de 10 por cento da população do arquipélago, apurou a PANA de fonte segura.
Através de um comunicado distribuído à imprensa, a administração norte-americana sublinha que este donativo visa dar resposta imediata à insegurança alimentar generalizada que resulta dos efeitos de anos de seca, da pandemia da covid-19, do aumento da inflação e de constrangimentos na oferta devido à guerra movida pela Rússia contra a Ucrânia.
No texto, os Estados Unidos sublinham que o numero de pessoas confrontadas com a insegurança alimentar entre junho e agosto de 2022 é mais do que o dobro das afetadas durante a estação alta em 2018.
A entrega dos 100.000 dólares será feita através da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC, sigla em inglês), para darem "assistência alimentar imediata às comunidades mais vulneráveis afetadas pela aguda insegurança alimentar em Cabo Verde."
Entretanto, a Cruz Vermelha de Cabo Verde (CVCV) implementa já esta quarta-feira, 20 de julho, com um programa de transferência monetária para acudir às famílias em risco de insegurança alimentar nos concelhos de Porto Novo, na ilha de Santiago, São Domingos, Santa Cruz e Ribeira Grande, na ilha de Santiago.
A distribuição dos primeiros cheques está inserida na operação Fundo de Emergência de Respostas às Catástrofes (DREF, sigla em inglês) lançado, terça-feira, na cidade da Praia, graças ao financiamento da Federação Internacional das Sociedade da Cruz Vermelha do Crescente Vermelho com pouco mais de 33.000 contos (300.000 euros).
Neste quadro, a CVCV prevê beneficiar um total de 400 famílias com assistência alimentar através da transferência monetária incondicional, com um montante de 12.350 escudos durante os três meses, totalizando 37.050 escudos.
Esse montante, segundo o presidente da CVCV, Arlindo de Carvalho, foi calculado com base nos custos do cesto de alimentos básicos, como arroz, milho, leguminosas, açúcar e óleo, que garante a ração mínima de 2.100 calorias por pessoa por dia.
O programa prevê também apoios a agricultores e criadores de gados abrangendo 100 famílias ou 500 pessoas de cada classe com o apoio monetário de 8.000 escudos (72 euros), para a compra de sementes e fertilizantes no caso dos agricultores e na compra de alimentos e apoio para acesso a cuidados veterinários para criadores.
Desde 2017 que o país tem enfrentado sucessivos anos de seca, com a consequente redução da produção agropecuária e do rendimento das famílias, especialmente no meio rural, contribuindo também para a deterioração da segurança alimentar e nutricional das famílias e para a redução da disponibilidade da água para o abastecimento público e para a agricultura irrigada.
Durante uma recente reunião restrita do dispositivo regional de prevenção e gestão das crises alimentares no Sahel e na África Ocidental, o ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, avançou que dados recentes estimaram que cerca de 107.000 pessoas se encontravam sob pressão em termos alimentares e cerca de 30.000 encontram-se em situação de insegurança alimentar em Cabo Verde.
Em fevereiro último, o Governo declarou a situação de calamidade no país até 31 de outubro próximo, devido aos maus resultados do ano agrícola, e anunciou medidas preventivas e especiais.
-0- PANA CS/DD 20julho2022