Estados Unidos confirmam deportação de sete cidadãos para Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Serviço de Imigração e Alfândegas (ICE) dos Estados Unidos confirmou, quinta-feira, a deportação de sete cidadãos para Cabo Verde que se encontravam em situação irregular naquele país, apurou a PANA na cidade da Praia.
Na quinta-feira, também o jornal online “Santiago Magazine” dava conta de que um avião particular tinha aterrado na manhã do dia 19, no aeroporto internacional da Praia, com oito Cabo-verdianos deportados dos Estados Unidos, acusados de vários crimes graves.
O aparelho, jacto Gulfstream-4 com matrícula N1925M, chegou à Praia vindo do aeroporto Luis Muñoz Marion, em San Juan, no Porto Rico, um território das Caraíbas pertencente aos Estados Unidos, de onde terão saído na véspera.
Os cidadãos cabo-verdianos, com idade entre os 20 e 40 anos, terão sido repatriados pela Administração americana para o país de origem, conforme asseguraram fontes ligadas ao processo.
A mesma fonte revelou também que devido à confidencialidade do processo, nenhuma autoridade cabo-verdiana confirmou a chegada destes repatriados, acusados de diversos crimes cometidos nos Estados Unidos.
O diário digital disse saber que a Polícia Judiciária esteve no local para receber esses indivíduos, os quais serão identificados e depois encaminhados para a residência dos seus familiares nas diferentes ilhas de origem.
De acordo com o relatório de deportações do ano fiscal de 2019, o número de Cabo-verdianos deportados, por vários motivos, mas sobretudo imigração ilegal, desceu para 50, face aos 68 de 2018.
No entanto, nos últimos anos os Estados Unidos já repatriaram para Cabo Verde, centenas de cabo-verdianos em situação irregular naquele país.
Em janeiro de 2017, o Presidente norte-americano, Donald Trump, fez aprovar uma nova lei anti-imigração nos Estados Unidos em que, além dos casos de crimes graves, indocumentados dos mais diversos países, seriam devolvidos aos países de origem.
Cabo Verde deveria receber, a partir de então, uma deportação massiva de 400 cidadãos descendentes e emigrantes ilegais nos Estados Unidos, processo esse que seria liderado pelo ex-embaixador do país em Washington, Carlos Veiga.
Em declarações à imprensa, Veiga explicou que as deportações foram “um problema” que encontrou nas relações entre os dois países, quando em 2016 assumiu funções.
Na altura, recordou, Cabo Verde “estava na lista dos países não cooperantes em matéria de deportação”.
“Ou seja, o Governo cabo-verdiano de então, o anterior, tinha tido uma política de não dar documentos de viagem para as pessoas deportadas e, portanto, Cabo Verde foi acumulando situações sem solução e acabou por entrar precisamente na lista dos países não cooperantes, o que tem consequências no diálogo político, consequências na cooperação.
"As agências de cooperação americanas recebem instruções para não lidar com o país e assim sucessivamente”, explicou o também antigo primeiro-ministro cabo-verdiano.
Segundo Carlos Veiga, o problema passou então a ser diplomático e apenas foi ultrapassado com a assinatura de um memorando de entendimento entre os dois países, fazendo Cabo Verde sair dessa lista de países não cooperantes com as autoridades norte-americanas.
“Conseguimos, em negociações com as autoridades americanas, estabelecer um quadro regulatório que permite transparência, previsibilidade e que dá a Cabo Verde a possibilidade de controlar e verificar a nacionalidade das pessoas que são deportadas”, acrescentou.
Nos Estados Unidos, reside a maior comunidade cabo-verdiana fora do arquipélago, a qual está estimada em 250 mil pessoas, concentradas sobretudo no Estado de Massachusetts.
-0- PANA CS/IZ 21fev2020